Paraná foi para o fim da fila na compra da vacina

  • Governador Ratinho Júnior preferiu não optar pela compra da vacina russa Sputnik V e o Paraná perdeu oportunidade de ter 13 milhões de doses à disposição

por Enio Verri*

O paranaense teve uma semana difícil na fila de espera pela imunização contra a Covid-19. A esperança de ser vacinado e contar com a agilidade do Governo do Estado em adquirir maior quantidade de doses de vacinas tem enfrentado barreiras e falta de sensibilidade de quem deveria tomar decisões assertivas e rápidas.

Até o dia 10 de abril, o Paraná recebeu 2.253.300 doses, e aplicou a 1ª dose em 1.263.904 de pessoas, alcançando 10,97% dos paranaenses; e a 2ª dose em 324.278 pessoas, o que representa 2,82% da população do Estado.

Quando o Consórcio com governadores do Nordeste, liderado pelo governador Wellington Dias (PI), abriu caminhos para negociar a aquisição da vacina russa Sputnik V, logo parlamentares e lideranças políticas paraenses se uniram a favor da compra para garantir a imunização de um maior número de pessoas em um espaço de tempo mais curto.

O Consórcio Nordeste faria a compra diretamente com o Fundo de Investimento Direto da Rússia, para adquirir 39 milhões de doses da vacina, com possibilidade de exportar mais 13 milhões de doses para outros Estados do Brasil. Mas, sem uma justificativa plausível, as negociações não avançaram no Paraná.

Uma decisão que atinge direto a população, ao comércio, ao produtor e empresas do Estado, que têm na vacina e na imunização em massa a base para a retomada da economia paranaense. Estamos na pior fase da pandemia e com previsões preocupantes de cientistas para os próximos dias. Em entrevista ao jornal El País, a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e médica pneumologista Margareth Dalcolmo indicou que o mês de abril será “realmente trágico”, com uma taxa extremamente alta de transmissão e uma vacinação em um ritmo ainda muito distante do desejável.

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Mesmo com o Paraná registrando mais de 881 mil infectados com o vírus e quase 19 mil mortes, o governador Ratinho Júnior preferiu não optar pela compra da vacina russa e perdemos a oportunidade de termos mais milhões de doses a disposição do nosso povo. Uma decisão que custa uma espera maior dos grupos prioritários, que correm maior risco com o vírus; do trabalhador, que precisa se arriscar todos os dias para manter a renda de sua família; da mãe, que teve que ficar em casa para cuidar dos filhos e pessoas idosas da família; dos professores, que estão esgotados com o trabalho remoto tomando toda a sua rotina para manter o conteúdo didático para seus alunos.

Falta de recursos não foi o motivo da compra não ter se concretizado. Afinal, o Governo do Paraná tem R$ 200 milhões em caixa destinados à compra de vacinas.

Já no Congresso Nacional, a pressão para que o Governo garanta a vacinação para todos continua. Defendemos que a compra de vacina seja prioridade para o SUS, e que chegue para toda a população o mais rápido possível. O ritmo que o Brasil está aplicando as doses de vacina prejudica a imunização, com as novas variantes do vírus circulando entre as pessoas infectadas. As mortes continuam e os hospitais mantêm um número absurdo de internações.

A vacina é estratégica tanto para a saúde pública quanto para a economia do nosso Estado. Pelo jeito, o governador não entendeu ainda que o Paraná não terá nenhuma das duas áreas seguras, se continuar tomando decisões que não vão de encontro ao enfrentamento do Covid-19.

*Enio Verri é economista a professor aposentado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do Paraná.