Para líder do PT, a melhor ‘vacina para a Covid-19’ é tirar Bolsonaro e Paulo Guedes do comando da economia do Brasil

O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PT-PR), em artigo especial, afirma que a melhor vacina para a Covid-19 é remover o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes da economia e do comando do Brasil.

Verri acusa no texto o presidente Bolsonaro e Guedes de estarem a serviço de uma classe dominante para quem não faz a menor diferença se há extrema pobreza numa das 10 mais ricas nações do mundo.

“Barrar o projeto ultraliberal é tão importante quanto combater o coronavírus, pois trata-se de defender a vida”, escreve o parlamentar petista.

Leia a íntegra do artigo:

São o Estado e a classe trabalhadora, Brasil

Enio Verri*

A maior e mais importante aposta que os brasileiros podem fazer é na vacina produzida por meio de uma parceria entre o Instituto Butantã e o governo da China. O seu sucesso será a redenção de livrar o Brasil de ter mais de um milhão de mortos. Fora dessa possibilidade, as expectativas são as mais aterradoras, haja vista o tratamento dispensado por Bolsonaro à pandemia, desde o início, quando, segundo ele, tudo não passava de uma gripezinha. Porém, a validação da vacina será o tormento do governo, que verá nas ruas o quanto o tamanho da oposição sobrepõe os 15% que ainda vão às ruas por Bolsonaro e suas pautas antidemocráticas.

Economia

Apesar de a esperança ser grande e positiva, não se pode esperar resultados imediatos, a ponto de a população dizer, pessoalmente, um grande não à destruição levada a cabo por Bolsonaro e pelo ministro Paulo Guedes, que o fazem porque têm à disposição uma imprensa comercial que, quando não silencia sobre as contradições do governo Bolsonaro, está em permanente campanha para desnacionalizar o País. A descarada propaganda pelas privatizações, veiculadas nos maiores jornais do País, deveria ser enquadrada como fake news sobre os benefícios de se privatizar as empresas estratégicas e os recursos naturais. Desde 2009, dezenas de países, como Inglaterra, França, Alemanha e EUA desenvolvem um processo de reestatização ou remunicipalização de serviços essenciais, como os de fornecimento de água, gás, esgotamento sanitário, transporte, energia elétrica. Somente o apoio popular a Bolsonaro e os 15% da classe dominante defendem o discurso mentiroso de que a iniciativa privada vai investir no desenvolvimento das empresas.

Caso a China compre os Correios, por exemplo, o governo chinês, com muito mais tecnologia que o Brasil, promoverá uma profunda automatização, produzindo uma grande quantidade de demissões, com profundo conhecimento dos brasileiros, uma vez que terão à disposição informações sobre todos, guardadas nos bancos de dados da então Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, que já tem uma muito bem estruturada inteligência logística, que servirá aos interesses de outro povo. A imprensa não apresenta essa complexidade e risco de supressão da soberania, porque ela está a serviço de um grupo de brasileiros que se envergonham da nacionalidade e, por isso, ouve-se frases infames e traidoras, como a de Guedes, que disse estar interessado em fazer quatro grandes privatizações, em três meses. A troco de quê? Qual a necessidade de se desfazer do patrimônio nacional, sem um exaustivo debate com a sociedade?

Os endinheirados brasileiros sofrem de complexo terceiro mundista e são extremamente preguiçosos. Preferem entregar o País a ter o trabalho de desenvolvê-lo, pois espoliá-lo é mais fácil é o que fazem desde 1.500. O internacionalismo progressista não pode sair mesmo de uma oligarquia dândi e de mentalidade tacanha. Desde o início do processo de colonização, o trabalho sempre foi feito, inicialmente, pelos desterrados para cá arrastados e, por 400 anos, pelos africanos escravizados. A representação do trabalho, no Brasil, é a dureza, a penúria, a dor, a exaustão. Faz todo o sentido que, 112 anos depois da proclamação da República e 16 anos da redemocratização, foi um torneiro mecânico, saído da senzala, quem mais investiu nas empresas nacionais e as fez trabalharem para o Brasil. Os últimos presidentes liberais, Collor e FHC, enfraqueceram a economia e as empresas nacionais, pois são representantes legítimos da classe dominante.

Sem as ferramenta nacionais, construídas por todos os brasileiros, não teria sido possível gerar mais de 18 milhões de empregos formais; transferir riqueza por meio do Minha Casa Minha Vida; bater sucessivos recordes de produção agropecuária; incluir mais de cinco milhões de filhos de pobres nas universidades; destinar 75% e 25% dos royalties do petróleo para educação e para a saúde, respectivamente; tirar mais de 40 milhões da extrema pobreza, entre outros avanços. Bolsonaro e Paulo Guedes estão a serviço de uma classe para quem não faz a menor diferença se há extrema pobreza numa das 10 mais ricas nações do mundo. Infelizmente, não é possível contar com a vacina para irmos às ruas. A luta será feita, eminentemente, no âmbito da justiça, mas que deve ser acompanhada e intensificada por quem tem condições de se manifestar pela internet. O que importa é impedir que as crises sanitária, econômica e democrática não se aprofundem devido à negligência e ao entreguismo da classe dominante brasileira. Barrar o projeto ultraliberal é tão importante quanto combater o coronavírus, pois trata-se de defender a vida.

*Enio Verri é economista e professor aposentado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal e líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados.

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URGENTE: WhatsApp censura o PT, denuncia Gleisi; partido anuncia migração para o Telegram

Publicado em 7 julho, 2020

 

O WhatsApp, empresa de Mark Zuckberg, bloqueou um canal que o PT matinha na rede social. A legenda é o maior partido de esquerda na América Latina com 1,4 milhão de filiados, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Sem explicações ou aviso, a empresa americana decidiu suspender em 26 de junho a conta do ‘Zap do PT’, mantida pela legenda para distribuição de notícias e conteúdos a filiados do partido. A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), cobra explicações do Facebook e já encaminhou carta dirigida a Mark Zuckberg, fundador da gigante do Vale do Silício. Enquanto isso, a sigla anuncia migração do canal para o aplicativo Telegram.

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, denunciou nesta segunda-feira (6) o bloqueio do canal de transmissão mantido pela legenda junto ao WhatsApp, empresa pertencente ao Facebook, para distribuição de notícias e conteúdos de interesse da agremiação. O PT anunciou que está estudando as medidas judiciais cabíveis para reverter a decisão ou obter alguma explicação para o episódio. Gleisi anunciou que está criando um serviço oficial de informações do PT junto ao aplicativo Telegram.

Em comunicado, a administradora do WhatsApp no Brasil, administrada pelo Facebook, informou ao PT, em 26 de junho, o bloqueio dos canais que a legenda mantinha oficialmente na empresa – o Zap do PT – mas sem apresentar quaisquer razões deste bloqueio. “É muito estranho que esse bloqueio seja promovido sem qualquer explicação dada pela empresa, nem oficialmente, nem extraoficialmente”, diz Gleisi. “Não há razão para isso. Todos os conteúdos distribuídos pelo PT no Zap eram relativos a material divulgado no site do partido”.

Gleisi cobra do Facebook no Brasil, e da matriz, nos Estados Unidos, que seja dada uma explicação oficial para a medida. A parlamentar denuncia que o bloqueio foi anunciado unilateralmente sem qualquer aviso ou explicação, de forma intempestiva. “O Zap do PT foi criado para divulgação de informações do PT aos seus filiados, constituindo comunicação legítima e voluntariamente consentida pelos usuários”, lembra Gleisi. A deputada encaminhou carta ao presidente do Facebook, Mark Zuckberg, para que a empresa se manifeste publicamente.

O lançamento deste canal foi divulgado publicamente, inclusive por meio de outros canais oficiais de WhatsApp. “Cumprimos de boa-fé as normativas do aplicativo, tanto em relação ao conteúdo quanto ao acesso aos usuários”, aponta a deputada e presidenta do PT. “Não fomos informados das razões do bloqueio, sejam de ordem técnica ou referentes às normativas de uso do aplicativo”.

Segundo a Secretaria de Comunicação do PT, a legenda ficou impedida de se defender diante de qualquer alegação eventualmente feita contra o canal. Ou até mesmo corrigir falhas ainda desconhecidas. O bloqueio do ‘Zap do PT’ ocorre no momento em que o Congresso Nacional estuda uma nova legislação para regulamentar e estabelecer normas de conduta às empresas por conta das fake news.

Gleisi chama atenção para o fato de o bloqueio ter ocorrido também no momento em que o PT havia lançado uma campanha de coleta de assinaturas pelo impeachment de Bolsonaro. “O site da Frente Fora Bolsonaro vinha sendo objeto de uma campanha do partido nas redes sociais e nas plataformas de compartilhamento de conteúdo com o WhatsApp. E, curiosamente, o bloqueio ocorre logo depois da campanha internacional #StopBolsonaro”, lembra a parlamentar.

“A falta de resposta oficial ao nosso comunicado de 26 de junho denota falta de transparência na relação do WhatsApp e do Facebook com seus clientes e o bloqueio em si caracteriza prejuízo de nossos direitos como usuários do aplicativo”, critica Gleisi. “É grave o que está acontecendo. Quero denunciar publicamente o bloqueio arbitrário e a falta de transparência do Facebook”.