Para a polícia bolsonarista, não houve motivação política em morte do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu

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A Polícia Civil do Paraná, sob o comando do governador Ratinho Jr. (PSD), concluiu nesta sexta-feira (15/10) que não houve motivação política no assassinato do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

Ratinho Jr. é aliado de primeira hora do presidente cessante Jair Bolsonaro (PL), que tenta se desvencilhar politicamente do assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda.

O assassino que puxou o gatilho foi agente penal federal Jorge Guaranho, que está internado em Foz, é militante bolsonarista.

Marcelo Arruda, de 50 anos, foi morto a tiros na própria festa de aniversário, que tinha como tema o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Lula.

Garanho matou o guarda municipal, que era tesoureiro do PT iguaçuense, por desavença política.

O assassino gritou “Bolsonaro”, “mito”, dentre outros xingamentos antes de atirar na vítima.

Economia

A delegada Camila Cecconello nega que houve motivação de ódio e violência política no crime.

Segundo a delegada da PC, Guaranho atirou contra Marcelo por ter se sentindo ofendido, já que o petista jogou um punhado de terra e pedra contra o carro dele, após provocação política.

A Polícia Civil está subordinada a Ratinho Jr. tem como secretário de Segurança Pública, Wagner Mesquita, delegado de carreira da Polícia Federal, também ligado ao bolsonarismo.

O ex-senador Roberto Requião, pré-candidato pelo movimento Vamos Juntos Paraná, disse que o presidente cessante Jair Bolsonaro (PL) é o assasino do dirigente do PT em Foz do Iguaçu, no último domingo.

– O assassinato do Marcelo Arruda foi um crime político estimulado pelo comportamento do Bolsonaro, que influencia sua base irracional – afirmou Requião em entrevista à CartaCapital nesta quinta-feira (14/07). “Assassinato puro e simples, induzido pelo Bolsonaro. Ele é o assassino de Foz do Iguaçu”, acusou.

Durante a entrevista à CartaCapital, Requião ainda anunciou que participará no domingo (17/10), em Foz do Iguaçu, da Missa de 7º Dia de Marcelo Arruda.

Nesta sexta, após a conclusão do inquérito, Requião voltou ao assunto:

– O cara entra gritando “Bolsonaro” numa festa com o tema do Lula, mata o aniversariante e a polícia conclui que a motivação não foi política. Impressionante como a Direita brasileira se protege, o verdadeiro ‘ninguém solta a mão de ninguém’, nem dos homicidas – tuitou.

O deputado Arilson Chiorato, presidente do PT no Paraná, disse que a Assembleia Legislativa e o partido irá monitorar as investigações até a condenação do assassino e apuração sobre outros envolvidos.

– O inquérito policial será analisado pelos deputados, defesa, vítimas, MInistério Público, Tribunal de Justiça do Paraná e organizações de direitos humanos – afirmou no Twitter.

– O inquérito da Polícia Civil sobre o caso Marcelo Arruda é muito prematuro, vários elementos não estão contidos neste relatório. Como é possível não haver motivação política no fato de uma pessoa invadir uma festa particular com temática do PT ao som e gritos de Aqui é Bolsonaro? – questionou o dirigente petista em vídeo publicado nas redes sociais [assista abaixo].

Assista ao vídeo:

O advogado Daniel Godoy, que representa a família da vítima, apontou considerações que não calam e despertam dúvidas consistentes:

a) Investigação dirigida pela delegada manifestamente contrária ao Partido da vítima;
b) Não concessão de vistas ao inquérito aos advogados das vítimas, violando o art. 7º, XIII e XIV da Lei 8906/94; por parte da autoridade policial;
c) Não atendimento pela autoridade policial, de requerimento de produção de provas por familiares, sequer o respondendo esta;
d) Não atendimento de requisição do MP para que fosse oportunizado a família a indicação de testemunhas;
e) Não conclusão de perícias nos bens apreendidos, celular do criminoso, DVR do clube e carro do autor do crime;
f) Antecipação, em 04 dias, do relatório do inquérito policial, observadas as pendencias acima;
g) A quem interessa???

Clique aqui para ler a íntegra de uma nota pública dos advogados Daniel Godoy Junior, Paulo Henrique Guerra Zuchoski, Andrea Pacheco Godoy e Ian Martin Vargas.