O que foi o golpe de 64? Saiba as consequências da ditadura militar no Brasil

Para quem nasceu no pós-redemocratização, a partir de 1985, a gestão do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, durante a pandemia, pode servir como fac-símile, recorte, de paradigma para compreender melhor o que foram os 21 anos de ditadura militar no Brasil.

Abaixo, você terá os motivos para jamais defender essa excrecência antidemocrática.

O que foi o golpe de militar de 1964

O Golpe de 1964, também conhecido como Golpe Civil-Militar de 1964, foi realizado pelas Forças Armadas do Brasil contra o então presidente João Goulart. Esse golpe contou com o apoio de uma parcela dos quadros civis do país e foi articulado para ocorrer no dia 31 de março daquele ano.

Tratou-se de uma conspiração realizada pelos militares contra o governo de João Goulart. O conchavo contra esse presidente aconteceu por conta da insatisfação das elites com os projetos realizados nesse governo, em especial as Reformas de Base. Além disso, contou com a participação americana, pois os Estados Unidos entendiam que a política de João Goulart não atendia aos interesses americanos. Sendo assim, financiaram instituições e campanhas de políticos conservadores a fim de minar o governo de Jango.

Pretexto para o golpe de 64

O golpe não foi algo repentino, ele foi amadurecendo aos poucos. O motivo alegado era o comunismo. O contexto, porém, era bem mais complexo: a estatização promovida por Jango e as visões conflitantes entre a política e a economia de ambas as correntes de pensamento, particularmente da extrema direita e extrema esquerda, vinham se contrapondo desde o início do século XX, sendo as alternativas mistas ainda em estágio embrionário.

Nesse cenário, a religião foi amplamente usada para despertar o sentimento anticomunista na sociedade brasileira de então. Na época era a maioria católica, a parcela cristã conservadora, que foi mobilizada para a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, reunindo centenas de milhares de pessoas a favor de 31 de março de 1964.

Economia

Essa parcela da igreja católica organizada pela TFP (Tradição Família e Propriedade), grosso modo, era o que hoje são alguns neopentecostais que atuam como milícia bolsonarista –disseminando ódio e a cultura da violência em nome de Deus.

LEIA TAMBÉM
Doria rebate ministro da Defesa: ‘o Brasil não tem razão nenhuma para comemorar o Golpe de 64’

Bolsonaro ganha tempo e aprofunda o cenário de ‘equilíbrio catastrófico’ no país

Oposição vai pedir novo impeachment de Bolsonaro às 11 horas desta quarta-feira 31 de março

Em nota, governo Bolsonaro exalta golpe militar de 31 de março de 1964

Golpe militar de 31 de março de 1964 deixou sequelas no Brasil

Fim da democracia no País

Com a deposição de João Goulart realizada pelo golpe parlamentar, oficializou-se o Golpe Militar de 1964. Os militares, então, apresentaram à nação o Ato Institucional nº 1, que criava mecanismos jurídicos para justificar a tomada de poder. Pouco tempo depois, por meio de eleição indireta, o marechal Humberto Castello Branco foi indicado presidente.

Além da limitação da liberdade de opinião e expressão, de imprensa e organização, a partir de 1969 tornaram-se comuns as prisões, os interrogatórios e a tortura daqueles considerados suspeitos de oposição ao regime, comunistas ou simpatizantes, sobretudo estudantes, jornalistas e professores. Para além das prisões, estima-se que cerca de 300 dissidentes perderam a vida (grupos de defesa dos direitos humanos e organizações de sobreviventes da ditadura militar, estimam que este número seja muito maior). Segundo a versão defendida pelos militares, a maioria dessas mortes teria ocorrido em confrontos com as Forças Armadas.

AI-5

O Ato Institucional Número Cinco (AI-5) foi o quinto de dezessete decretos emitidos pela ditadura militar nos anos que se seguiram ao golpe de estado de 1964 no Brasil. Os atos institucionais foram a maior forma de legislação durante o regime militar, dado que, em nome do “Comando Supremo da Revolução”, derrubaram até a Constituição da Nação, e foram aplicados sem a possibilidade de revisão judicial. Direitos políticos e individuais foram suprimidos durante esse período mais duro do Estado de Exceção.

O famigerado AI-5 resultou na perda de mandatos de parlamentares contrários aos militares, intervenções ordenadas pelo presidente nos municípios e estados e também na suspensão de quaisquer garantias constitucionais que eventualmente resultaram na institucionalização da tortura, comumente usada como instrumento pelo Estado.

O habeas corpus foi suspenso para crimes de motivação política, dentre outras barbaridades.

Consequências da ditadura militar no Brasil

Nesta quarta-feira, 31 de março, bolsonaristas programam manifestações pela passagem dos 57 anos do golpe militar de 1964.

O regime fardado durou 21 anos, deixando como legado corrupção, atraso, ataques a direitos fundamentais, violência contra pessoa humana e miséria no País.
As sequelas para a marco civilizatório brasileiro são mais visíveis pelas desigualdades sociais –umas das mais perversas do planeta Terra.

No último dia 17 de março, o governo do presidente Jair Bolsonaro obteve o direito de comemorar no próximo dia 31 de março o golpe militar de 1964. A decisão foi do TRF-5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região).