O fetiche do MPF é prender Lula, mas liberar geral o auxílio-moradia

O Ministério Público Federal (MPF) tem uma lógica perversa e um falso moralismo incríveis: manter preso o ex-presidente Lula e liberar geral o auxílio-moradia para toda a magistratura.

Há tempos o MPF deixou de cumprir seu papel constitucional — custos legis, isto é, de fiscal da lei — para defender pautas e fetiches corporativos como aumento salarial, participação no ‘lucro’ das delações, punição exacerbada para petistas — escolhidos como inimigos do Estado — e afrouxamento do rigor para os amigos do rei (vide o caso Onyx Lorenzoni).

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Um dia depois de a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, lutar contra o indulto de Natal, única política acertada de Michel Temer em dois anos e meio de golpe, ela manifestou-se contra o habeas corpus para Lula, preso político há 8 meses, e, para fechar o repolho, nesta sexta (30), ela advogou pela manutenção do auxílio-moradia para todas as carreiras judiciárias.

Nunca é demais lembrar que Temer sancionou o aumento no salário de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que saltou de R$ 33 mil para R$ 39 mil, com a promessa de a liminar de Luiz Fux sobre o auxílio-moradia fosse revogada.

Entretanto, Raquel Dodge quer manter a mamata. Segundo a procuradora, Fux deve rever sua decisão ou submetê-la ao plenário. Dodge não entrou no mérito da constitucionalidade do benefício — que imoral é, de acordo com a opinião da maioria dos brasileiros.

Economia

Independente de possuírem casa própria ou não, todas as carreiras judiciárias recebem um ‘checão’ gordo mensal de R$ 4,3 mil do erário, qual seja, do contribuinte.

Segundo a OAB do Paraná, em recente pesquisa, 60% dos advogados paranaenses ganham mensalmente menos que o auxílio-moradia.

Portanto, dona Raquel Dodge deveria deixar de perseguir o Lula e o PT, fiscalizar mais a lei e fazer menos sindicalismo. Até porque o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e o ex-juiz Sérgio Moro têm um nome alternativo para a PGR: Deltan Dallagnol.