Nicolás Maduro, da Venezuela, vem aí na posse do Lula

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, estará presente na posse de Luiz Inácio Lula da Silva no domingo, 1º de janeiro de 2023, depois de o governo cessante de Jair Bolsonaro, a pedido do presidente eleito e diplomado, revogar uma portaria que proibia o ingresso do líder bolivariano e de outras autoridades do país caribenho no Brasil. A presença de Maduro não era permitida desde agosto de 2019.

O ato foi revogado sexta-feira (30/12) em nova portaria, publicada no Diário Oficial da União e assinada pelo chanceler Carlos França e por Antonio Ramirez Lorenzo, ministro da Justiça substituto. A revogação abre espaço para a vinda de Maduro à posse de Lula neste domingo, portanto, a tendência é que o mandatário compareça à cerimônia em Brasília. Outras 60 delegações estrangeiras também confirmaram presença.

Apesar de organizadores da cerimônia de posse ainda não terem confirmado a vinda de Maduro, o mandatário venezuelano poderá chegar amanhã de manhã no Distrito Federal em um voo da estatal venezuelana Conviasa, que seria operado por um Airbus A340.

Economia

Uma razão que impediria Maduro de viajar para o Brasil é que não foi possível enviar, antecipadamente, uma equipe avançada para cuidar de sua segurança. Além disso, não havia nem sequer apoio da embaixada venezuelana em Brasília, cujos funcionários ligados ao governo de Maduro tiveram de deixar o país.

Há duas semanas, Lula enviou uma carta a Maduro dizendo que o Brasil restabelecerá relações com Caracas logo no início de seu governo. Até esta sexta-feira, último dia do mandato de Bolsonaro, a diplomacia brasileira ainda reconhecia o ex-deputado opositor Juan Guaidó como “presidente interino” da Venezuela.

Natal Foz

Mas própria “Presidência interina” de Guaidó chegou ao fim – “morreu na casca de ovo“.

Na sexta, os principais partidos da oposição venezuelana decidiram revogar a “Presidência Interina”, haja vista não ter atingido seu objetivo de apressar a derrubada de Maduro. Guaidó nomeou a aliada María Teresa Belandria como embaixadora no Brasil, no entanto, ela deixou o país antes da posse de Lula.

Guaidó foi abondonado pela oposição venezuela porque, dentre várias broncas, tem uma que o liga a esquemas de corrupção no autoproclamado governo que nunca existiu.

Oposição venezuelana encerra ‘governo interino’ de Guaidó

A oposição da Venezuela votou pela eliminação do “governo interino” de Juan Guaidó. Assim, segundo Bloomberg, puseram fim à sua missão, que durante quatro anos não pôde contribuir para o derrube do presidente Maduro.

A proposta de liquidação do governo paralelo foi votada na Assembleia Nacional, que é liderada pela oposição. Deputados de três dos quatro principais partidos da oposição votaram para remover Guaidó do status de presidente interino.

Guaidó respondeu a esta decisão da seguinte forma: a oposição fez o que Maduro não conseguiu: “removeu-o”. 

Se Maduro der a ordem para me prender, estarei aqui”, disse Guaidó durante a sessão do parlamento via transmissão online.

O desmantelamento do governo paralelo de Guaidó marca o fim de um esforço infrutífero de mudança de regime na Venezuela. Depois de anunciar sua vitória eleitoral, foi reconhecido como presidente da Venezuela nos países ocidentais e participou de congressos como o Fórum Econômico Mundial em Davos. No entanto, quando ficou claro que ele não conseguiria derrubar Maduro rapidamente, sua popularidade começou a diminuir.

Agora, muitos países se recusaram a reconhecer Guaidó, e os líderes recém-eleitos da esquerda na América Latina estão tentando restabelecer os laços com Maduro. Mesmo na arena doméstica, ele é apoiado apenas no partido Vontade Popular, do qual já foi membro.

Esta decisão pode ter um impacto negativo na escolha de um único candidato da oposição à presidência da Venezuela, alertam os especialistas. Suas primárias serão realizadas no próximo ano, antes da eleição presidencial de 2024, na qual Maduro deve concorrer a um terceiro mandato. A propósito, então Guaidó terá a oportunidade de concorrer novamente à presidência da Venezuela, escreve a Bloomberg.

LEIA TAMBÉM