Veja essa: Partido Missão condiciona legenda para Moro à leitura do Livro Amarelo

O senador Sergio Moro enfrenta mais uma porta semicerrada no xadrez partidário do Paraná, o Partido Missão, antigo MBL, condicionou qualquer conversa sobre legenda à leitura do seu “Livro Amarelo”, a plataforma programática que norteia o projeto político da sigla.

A provocação partiu do advogado Luiz Felipe França, pré-candidato do Missão ao governo do Paraná. O Blog do Esmael perguntou diretamente, “Você vai ceder o lugar para o Moro?”. França respondeu de maneira lacônica e irônica, “Depende, ele leu o Livro Amarelo?”.

A frase caiu como recado, o Missão só aceita discutir a candidatura de Moro se o ex-juiz demonstrar afinidade com o projeto doutrinário do partido. E, até aqui, não há sinal de que o senador tenha lido a obra.

A movimentação de Sergio Moro ocorre porque sua permanência na federação União Progressista, formada por União Brasil e PP, tornou-se insustentável. O Progressistas no Paraná entrou em ruptura aberta ao lançar Cida Borghetti ao governo, ignorando a pré-candidatura de Moro. A cúpula do PP nacional desembarca em Curitiba no dia 8 para consolidar a dissidência, enquanto deputados dos dois partidos admitem abandonar suas legendas caso Moro seja imposto como candidato da federação.

Além disso, o evento recente de Moro sobre segurança pública em Curitiba mostrou esvaziamento político e simbólico, com baixíssima adesão e a ausência de aliados anunciados como Davi Alcolumbre e Ronaldo Caiado. Nos bastidores, o isolamento cresceu.

Emparedado em sua própria federação e com risco real de ficar sem legenda, o senador passou a sondar alternativas. O PRTB e o partido Missão apareceram como opções viáveis, ainda que com estruturas menores e forte marca ideológica. A disputa interna no PSD também desencadeou especulações sobre a migração de outros atores, como Rafael Greca, acirrando o mercado partidário do Paraná.

Nesse contexto, o “Livro Amarelo” virou senha de entrada. Segundo o Missão, o material reúne o diagnóstico do país, a interpretação histórica e as propostas que formam a espinha dorsal do partido. O conteúdo é organizado em fascículos, cada um dedicado a um eixo estratégico.

Um dos blocos pergunta “Onde estamos?”, analisando a estrutura social e econômica brasileira. Outro revisita “De onde viemos?”, estudando a formação nacional. Há ainda “Para onde vamos?”, com metas para um Brasil soberano, rico e tecnologicamente avançado.

O projeto mistura raízes do liberalismo econômico com soluções desenvolvimentistas, defendendo industrialização do Nordeste, reforma fiscal, inovação, segurança pública e políticas de ciência e tecnologia. A produção é colaborativa, envolvendo pesquisadores, intelectuais e voluntários da sigla.

A exigência de França deixa explícito que o Missão não pretende ser abrigo emergencial para Moro em meio ao colapso da União Progressista. No Missão, a conversa depende de compromisso programático, não de conveniência eleitoral.

O cenário adiciona uma nova camada de incerteza à corrida paranaense, que já vive rearranjos entre PP, União Brasil, PSD, Podemos e as siglas emergentes que tentam se posicionar no vácuo da direita tradicional.

Continue acompanhando os bastidores da política e do poder pelo Blog do Esmael.

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