O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, aproveitou a emergência do avanço do coronavírus no Brasil, que permite ao governo fazer contratações sem a realização de licitação, para beneficiar antigos amigos. Conforme edição desta quarta-feira (18) do Diário Oficial da União, a pasta fez uma compra de aventais hospitalares no valor de R$ 700 mil da empresa Prosanis Indústria e Comércio de Produtos Médicos e Hospitalares Ltda.
De acordo com a Receita Federal, a Prosanis, aberta em 2013, tem em seu quadro societário o empresário Aurélio Nogueira Costa, que tem outros negócios no ramo. Entre eles a Cirumed Comércio Ltda, aberta em 1991.
A Cirumed, por sua vez, foi doadora de campanha de Mandetta nas duas vezes em que ele disputou uma vaga de deputado federal. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2010 a empresa de Aurélio Nogueira Costa doou R$ 50 mil. E na eleição seguinte, em 2014, o valor quase dobrou: R$ 93.980,00.
A Cirumed tem um histórico de fornecimento de produtos ao governo quando há dispensa de licitação. E também de envolvimento em irregularidades apontadas por órgãos de fiscalização.
Uma delas foi identificada pelos auditores da Controladoria-Geral da União em 2018, no Fundo Municipal de Saúde na Prefeitura Municipal de Rio Verde de Mato Grosso (MS). Do montante de R$ 487.278,18 fiscalizado, foi identificado prejuízo de R$ 42.747,78 decorrente da prática de sobrepreço Cirumed e outras duas empresas.
A Cirumed também é alvo de inquérito civil do Ministério Público do Mato Grosso do Sul, que apura irregularidades no Hospital Regional do Estado envolvendo notas fiscais frias.
Sem contar outras irregularidades, como a venda de tiras e aparelhos para testes rápidos de glicemia para a Prefeitura de Campo Grande em 2013. Na época, em inquérito civil, MP estadual havia apurado que a única empresa aprovada em licitação apresentava margem de erro média de 55%.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.