Mário Pereira anuncia volta da Inepar a Curitiba

Mário Pereira, diretor-presidente da empresa, em frente à  casa montada com as novas placas. Promessa de lucro. Foto: Marcos Borges/ Gazeta do Povo.
O ex-governador Mário Pereira, presidente da Inepar Triunfo Sistemas Construtivos, anunciou nesta segunda-feira (26) que o grupo voltará a funcionar na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), onde ocupou uma área de 90 mil metros quadrados entre 1997 e 2003. A Inepar se transferiu há dez anos para Araraquara (SP). Leia a reportagem de Fernando Jasper, publicada na edição de hoje do jornal Gazeta do Povo.

Dez anos depois, a Inepar volta

Dez anos depois de transferir suas operações para Araraquara (SP), a Inepar voltará a ocupar seu antigo parque industrial no Paraná. A empresa, que nasceu em Curitiba mas até pouco tempo atrás mantinha apenas uma sede administrativa na cidade, marcou para o fim de 2013 a retomada das atividades no imóvel da CIC que ocupou de 1977 até maio de 2003.

Em sociedade com outro grupo de origem paranaense, o Triunfo, a Inepar vai usar o espaço !“ um terreno de 90 mil metros quadrados, com 18 mil metros quadrados de área construída !“ para a produção de painéis compostos para a construção civil, com foco na faixa de até três salários mínimos do programa Minha Casa, Minha Vida.

Inéditos no país, esses painéis são feitos de resina epóxi, poliuretano expandido e fibra de vidro. Colados uns aos outros, eles formam as paredes das habitações. Batizada de Inovatec System!, a tecnologia foi desenvolvida pela empresa norte-americana Innovida, comprada pela Inepar no ano passado por US$ 3,2 milhões (pouco mais de R$ 6,5 milhões).

Características

Economia

Essas placas têm várias vantagens. A primeira é a velocidade da construção, pelo menos três vezes mais rápida que a de uma casa de alvenaria. O custo é um pouco mais baixo, embora eu ainda não possa precisar o quanto. E, por causa de sua composição, essas placas garantem um conforto térmico maior ao morador!, diz o diretor-presidente da Inepar Triunfo Sistemas Construtivos, Mário Pereira. Formado em Engenharia Elétrica, ele está há 15 anos na Inepar, onde exerceu diversos cargos. Antes, atuou muito tempo na política !“ chegou a governar o Paraná por nove meses, em 1994.

Adaptação

Antigamente o parque industrial na CIC produzia quadros de comando e capacitores de média e alta tensão. Quando se mudou para o interior paulista, a Inepar alugou o espaço para outra fabricante de equipamentos elétricos, a espanhola Arteche. Retomado em 2011, o imóvel começa a ser reformado em janeiro, e o cronograma prevê para outubro do ano que vem o início da operação.

Aposta

O investimento, na adaptação dos galpões e na compra das máquinas, será de R$ 50 milhões. A fábrica terá capacidade para produzir 2,1 milhões de metros quadrados de placas por ano, volume suficiente para a montagem de 11 mil casas com área de 40 metros quadrados. Segundo o diretor, cerca de 250 pessoas vão trabalhar na produção, e haverá ainda uma equipe permanente de 600 trabalhadores em campo, na montagem das habitações.

Pereira diz que, em breve, a Inepar Triunfo deve reativar a fábrica da Innovida, em Miami, que tem capacidade anual equivalente a 2,5 mil casas de 40 metros quadrados.

Empresa está em reestruturação desde 1999

Apesar do novo negócio no Paraná, a Inepar mantém sua base industrial em Araraquara, em um terreno de quase 150 mil metros quadrados. Embora também tenha unidades no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, é no interior paulista que a companhia nascida em 1953 concentra suas operações.

Hoje ela presta serviços e produz equipamentos para diversos segmentos de infraestrutura: energia elétrica, mineração, siderurgia, transporte ferroviário e petróleo e gás, esta última responsável por pouco mais da metade das receitas. O atual escopo de atividades pode parecer amplo, mas já foi bem maior. E foi a excessiva diversificação que, na década de 1990, lançou a Inepar em uma profunda crise, com sequelas até hoje.

Atuando em muitos setores e regiões, a empresa tinha estruturas duplicadas e gastos excessivos com pessoal e logística. O endividamento cresceu ao ponto de sócios minoritários importantes !“ o BNDES e três fundos de pensão !“ se recusarem a colocar dinheiro na companhia, que em 1999 se viu obrigada a iniciar um processo de reestruturação que dura até hoje.

A Inepar já se desfez de ativos e participações em companhias elétricas, concessionárias de veículos, operadoras de telefonia e de tevê por assinatura, entre outras. Mas ainda pena para se livrar de outros investimentos, como sua fatia na distribuidora Cemat, de Mato Grosso.

Embora já tenha renegociado parte da dívida com o BNDES, a empresa ainda deve mais de R$ 600 milhões ao banco de fomento. E o forte crescimento das receitas !“ que triplicaram nos últimos sete anos !“ não se refletiu no valor de mercado da Inepar, que chegou a R$ 1 bilhão nos anos 1990 mas hoje está abaixo de R$ 200 milhões. Nos últimos dois anos, por exemplo, o preço de suas ações preferenciais caiu de R$ 5,46 para R$ 1,66.

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