Maioria quer o adiamento das eleições municipais de 2020, diz pesquisa

A Paraná Pesquisas afirma que 55,6% dos brasileiros são favoráveis ao adiamento das eleições municipais de outubro para o mês de dezembro deste ano, por causa da pandemia de coronavírus.

O primeiro turno das eleições está previsto para ocorrer no dia 4 de outubro, segundo o calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O tribunal eleitoral estuda a possibilidade de adiar o pleito para a escolha de prefeitos e vereadores para dezembro próximo, sem data ainda definida.

De acordo com a sondagem do instituto de pesquisas, 37,8% são contrários à mudança da data e 6,6% são souberam opinar sobre a pergunta.

A Paraná Pesquisas ouviu 2.364 eleitores entre os dias 25 a 27 de abril de 2020, em 205 municípios brasileiros, distribuídos em 26 estados e Distrito Federal. A margem de erro é de 2% para mais ou para menos.

Na avaliação do presidente da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, o adiamento das eleições são mais prejudiciais aos atuais ocupantes dos cargos. Ou seja, o maior tempo ajuda a oposição.

Economia

Em recente entrevista ao Blog do Esmael, Hidalgo disse que a conta das mortes pelo coronavírus podem ser atribuídas aos estados e municípios. Aliás, nesta quinta-feira (30), em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já sinalizou pela culpabilização desses entes federados.

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A Rede Globo não tem dúvidas de que as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) têm contribuído muito para o aumento de mortes por coronavírus no Brasil. Segundo o jornalista William Bonner, âncora do Jornal Nacional, desde o começo da pandemia o chefe de Estado minimizou ou subestimou o perigo que o vírus representa para os brasileiros.

O Brasil tem oficialmente 5.513 mortes provocadas pela Covid-19 e 79.685 casos confirmados na manhã desta quinta-feira, dia 30 de abril, diz o Ministério da Saúde.

No entanto, o Jornal Nacional bateu na tecla ontem à noite que há subnotificação de coronavírus em todo o país. A emissora mostrou filas de caminhões frigoríficos e carros funerários me frente de necrotérios em Belém (PA) e Manaus (AM), bem como drama de pessoas que não conseguem vagas nas UTIs e acompanhar os sepultamentos. Os corpos seguem enterrados em covas coletivas.

Segundo a Rede Globo, o Brasil pode ter até dez vezes mais mortes das que foram notificadas pelo Ministério da Saúde. Ou seja, o País pode ser o que mais tem o número de mortes no mundo pelo coronavírus.

Para Bonner, do JN, o “E daí?” do presidente Jair Bolsonaro não foi a primeira reação de desdém pelas mortes de brasileiros pelo coronavírus.

Há nove dias, quando questionado sobre o aumento do registro de óbitos pela Covid-19, Bolsonaro disse que não é coveiro. Foi mais uma entre muitas declarações que demonstram que desde o começo da pandemia ele minimizou ou subestimou o perigo que o vírus representa.

Em 9 de março, nos Estados Unidos, o presidente se dirigiu a uma plateia de empresários para dizer que havia exagero nas preocupações, provavelmente por razões econômicas.

“Tem a questão do coronavírus também, que no meu entender está sendo superdimensionado o poder destruidor desse vírus. Então, talvez esteja sendo potencializado, até por questões econômicas.”

No dia seguinte, as bolsas do mundo todo caíram em meio à propagação do vírus. Ainda nos Estados Unidos, o presidente minimizou o problema e acusou a imprensa de todo o planeta.

“Obviamente temos no momento uma crise, uma pequena crise. No meu entender, muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo.”

No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde declarou que o mundo enfrentava uma pandemia. Na porta do Alvorada, repórteres pediram a opinião do presidente Bolsonaro.

“Eu não acho… eu não sou médico. Eu não sou infectologista. O que eu ouvi até o momento [é que] outras gripes mataram mais do que essa.”

No domingo, 15 de março, o presidente participou de uma manifestação de apoiadores em Brasília e contrariou as recomendações de isolamento social. No dia seguinte voltou a dizer que havia exagero nas preocupações com o coronavírus.

“Existe o perigo, mas está havendo um superdimensionamento nesta questão. Nós não podemos parar a economia. E eu tenho que dar o exemplo em todos os momentos. E fui, realmente, apertei a mão de muita gente em frente ao Palácio, aqui na Presidência da República, para demonstrar que estou com o povo.”

Na terça, 17 de março, o Brasil registrava a primeira morte por Covid-19, mas o presidente classificou de histeria a preocupação com o coronavírus.

“Esse vírus trouxe uma certa histeria. Tem alguns governadores, no meu entender, eu posso até estar errado, mas estão tomando medidas que vão prejudicar em muito a nossa economia.”

Três dias depois, o Brasil confirmava 11mortes. No Palácio do Planalto, o presidente deu uma declaração que causou perplexidade na comunidade médica e científica.

“Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar.”

No dia 24 de março, em cadeia nacional de rádio e televisão, Bolsonaro voltou a classificar a Covid-19 de gripezinha.

“Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho.”

Dois dias depois, no Palácio da Alvorada, o presidente disse que o brasileiro não pega nada, ao comentar o avanço dramático da epidemia nos Estados Unidos.

“O brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Você vê o cara pulando em esgoto ali, sai, mergulha, tá certo? E não acontece nada com ele. Eu acho até que muita gente já foi infectada no Brasil, há poucas semanas ou meses, e ele já tem anticorpos que ajuda a não proliferar isso daí.”

No dia 29 de março, o presidente provocou aglomeração ao sair para passear em Brasília. Depois, disse que o vírus precisava ser enfrentado como um homem, não como um moleque.

“O vírus tá aí. Vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, não como um moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós iremos morrer um dia.”

No dia 2 de abril, Bolsonaro disse que o vírus não era isso que estavam pintando e ridicularizou quem temia se contaminar e adoecer.

“Tá com medinho de pegar vírus? Tá de brincadeira. O vírus é uma coisa que 60% vai ter ou 70%. Não vai fugir disso. A tentativa é de atrasar a infecção para os hospitais poderem atender.”

No dia 12, o presidente voltou a provocar espanto ao dizer que a pandemia estaria acabando.

“Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora a questão do vírus.”

Menos de uma semana depois (18/04), quando mais de 2,3 mil brasileiros tinham morrido, Bolsonaro disse que havia medo em exagero.

“Temos um vírus que está aí. Infelizmente tem morrido gente. Tem, né? Ninguém falou que ia ser diferente. Mas o pavor foi demais.”

No dia 20, as mortes no Brasil passavam de 2,5 mil. Os repórteres pediram um comentário do presidente da República sobre esse número. Bolsonaro reagiu assim:

“Oh cara, quem fala, eu não sou coveiro, tá certo? Eu não sou coveiro.”

Lula e PT voltaram ao cenário com briga Bolsonaro x Moro, diz presidente da Paraná Pesquisas

O presidente da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, disse ao Blog do Esmael nesta terça (28) que o ex-presidente Lula e o PT voltaram à cena política com a briga entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-ministro Sérgio Moro.

Segundo Hidalgo, os três personagens –Bolsonaro, Lula e Moro– são os principais “players” para a disputa presidencial de 2022. “Lula está livre e solto”, lembrou o dono do instituto de pesquisas.

“A briga Moro x Bolsonaro interessa bastante ao PT”, afirmou numa live na noite de ontem. “O PT volta com força e com apelo de mídia”, complementou, ao analisar as discussões sobre o impeachment de Bolsonaro e a possibilidade de instalação da ‘CPI do Moro’ na Câmara.

Para Murilo Hidalgo, para a opinião pública, tanto a CPI do Moro quanto o impeachment de Bolsonaro são vistos como eventos ruins para a sociedade brasileira. “É momento de união e andar para frente”, frisou.

O proprietário da Paraná Pesquisas ainda revelou que o presidente Jair Bolsonaro está avançando no eleitorado do Nordeste brasileiro, que é identificado com Lula e o PT.

“A ajuda emergencial de R$ 600 está abrindo espaço eleitoral para Bolsonaro nas classes D e E, nos mais pobres, nas regiões mais inóspitas, ou seja, num público que sempre votou no PT”, disse Hidalgo, citando o Nordeste.

Na live, o presidente da Paraná Pesquisa registrou que a popularidade de Bolsonaro está consolidada em um terço do eleitorado brasileiro e que o coronavírus é uma espécie de “aliado” do presidente da República para justificar o fracasso na economia, isto é, no aumento do desemprego e pobreza no País.