Macron se destaca como “bombeiro” na crise envolvendo Rússia e Ucrânia para desespero de Bolsonaro

Não chamem para a mesma mesa os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), e o da França, Emmanuel Macron. Eles se estranham desde 2019, quando o líder francês cobrava do colega brasileiro mais empenho para conter as chamas que consumiam a floresta Amazônica. Deselegante, Bolsonaro ofendeu a mulher de Macron, Brigitte, chamando-a de feia.

Dito isso, os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Emmanuel Macron, da França, tiveram outra conversa telefônica sobre a Ucrânia nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (21/02), disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

– Uma conversa telefônica entre os líderes da Rússia e da França, a segunda em um dia, foi iniciada pelo presidente Macron por volta da 1h – disse ele. – os presidentes continuaram a discutir a situação na Ucrânia – acrescentou Peskov.

– Eles se concentraram na necessidade de manter o diálogo envolvendo os ministérios das Relações Exteriores e assessores políticos [dentro do grupo Normandy Four composto por Rússia, Alemanha, França e Ucrânia] – enfatizou o porta-voz do Kremlin. – os contatos entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da França são possíveis em um futuro próximo – observou.

O serviço de imprensa do Kremlin informou no domingo que Putin manteve uma conversa com Macron, particularmente dizendo que as provocações encenadas pelos militares ucranianos foram a razão para o aumento das tensões no Donbass. Além disso, “foi dada atenção às medidas dos países da OTAN destinadas a bombear a Ucrânia com armas e munições avançadas”.

A Rússia também enfatizou que Kiev estava apenas fingindo estar engajada no processo de negociação, recusando-se obstinadamente a implementar os acordos de Minsk e acordos alcançados dentro do grupo Normandy Four.

Economia

O serviço de imprensa do Kremlin observou que, dadas as altas tensões atuais, os dois presidentes concordaram que seria razoável intensificar a busca de soluções diplomáticas envolvendo os ministérios das Relações Exteriores e os assessores políticos dos quatro líderes da Normandia.

Após uma ligação com Putin, Macron manteve conversas telefônicas com o presidente dos EUA, Joe Biden, o presidente ucraniano Vladimir Zelensky, o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.

O Palácio do Eliseu disse mais tarde que Macron havia sugerido que Putin e Biden realizassem uma cúpula, que poderia ser seguida de uma reunião envolvendo também as partes interessadas, a fim de discutir questões relacionadas à segurança e estabilidade estratégica na Europa.

Segundo Paris, os líderes dos EUA e da Rússia “concordaram com a proposta de uma cúpula”.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, prepararão a agenda da cúpula durante sua reunião em 24 de fevereiro.

O Ocidente e Kiev têm recentemente ecoado alegações sobre a potencial invasão da Ucrânia pela Rússia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou essas alegações como “vazias e infundadas”, servindo como uma manobra para aumentar as tensões, apontando que a Rússia não representava nenhuma ameaça a ninguém.

No entanto, Peskov não descartou a possibilidade de provocações destinadas a justificar tais alegações e alertou que as tentativas de usar a força militar para resolver a crise no sudeste da Ucrânia teriam sérias consequências.

Diante dessa movimentação da macropolítica, entre os grandes líderes mundiais, Bolsonaro não participa. Teve oportunidade quando esteve na Rússia, mas a desperdiçou. Agora, no entanto, ele entra em desespero ao ver a desenvoltura de seu desafeto Macron.