Lula sinaliza com anulação da privatização da Eletrobras caso seja eleito presidente

  • Petista chama de ‘arranjo esquisito’ a modelagem de privatização da Eletrobras às vésperas das eleições
  • O ex-presidente Lula alertou nesta quarta-feira (16/02) que poderá anular a privatização da Eletrobras, se for eleito. Ele lidera as pesquisas de intenção de votos desde abril do ano passado.

    A declaração do petista ocorreu após Tribunal de Contas da União (TCU) aprovar a primeira fase de privatização da Eletrobras, que faz referência à modelagem econômico-financeira de venda da empresa.

    – Eu espero que os empresários sérios que querem investir no setor elétrico brasileiro não embarquem nesse arranjo esquisito que os vendilhões da pátria do governo atual estão preparando para a Eletrobrás, uma empresa estratégica para o Brasil, meses antes da eleição – disse Lula.

    Além da questão estratégica, o claro recado do ex-presidente também a ver com as perdas para os cofres públicos devido à subavaliação da Eletrobras, prosseguiu o ministro do TCU, chegam a pelo menos R$ 63 bilhões.

    O governo Jair Bolsonaro (PL) avaliou inicialmente a estatal em R$ 60 bilhões, corrigindo o valor para R$ 67 bilhões após ressalvas do ministro Aroldo Cedraz, mas os técnicos do TCU avaliaram o negócio em R$ 103,4 bilhões.

    As privatizações de levado as companhias a uma escala de tarifaços enquanto diminuem investimentos, ou seja, os serviços pioram ao passo que os preços crescem.

    Economia

    A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), é contra a privatização da Eletrobras e empresas estratégicas ao desenvolvimento do País. Ela é autora de um projeto de decreto legislativo para realização de referendo para a população brasileira deliberar sobre o assunto.

    – A Eletrobras vale cerca de R$ 370 bilhões, além do valor de sua marca no mercado, e o governo quer arrecadar apenas R$ 25 bilhões com a sua venda – denunciou a presidenta do PT ao apresentar a proposta de referendo.

    – Sem obrigação de investir e com possibilidade de obter altíssimos dividendos vendendo energia mais cara, o resultado será o enriquecimento dos acionistas e a diminuição dos investimentos na segurança energética, o que elevará o risco de apagões no país, como vimos acontecer no Amapá – ressaltou Gleisi Hoffmann.

    Dois meses após 20 dias sem energia em 2020, o Amapá voltou a ficar sem luz em janeiro de 2021. A empresa privada Gemini Energy, que ganhou concessão pública para distribuir a energia na região, deixou de operar na manutenção, o que causou um incêndio em uma subestação. A energia só foi retomada de fato com ajuda pública. O episódio tornou-se um dos inúmeros argumentos contrários à entrega do Sistema Eletrobras a operadores privados.