O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, irá se encontrar com Lula nesta quarta-feira (02/03)
A antipolítica foi a resposta das elites que nunca aceitaram governos que atuassem de forma independente e pelos mais pobres, diz Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao México nesta terça-feira (1º/03), onde pretende se reunir amanhã, quarta-feira (02/03), com o presidente Andrés Manuel López Obrador.
Lula foi recebido na capital mexicana pelo secretário de Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, que escreveu no Twitter:
– Bem-vindo Luiz Inácio Lula da Silva, grande amigo do México e da causa da justiça. Você começa uma visita ao nosso país, onde é amado e respeitado. Muito feliz em vê-lo entre nós.
O fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) também deve dialogar com deputados e senadores mexicanos, bem como com lideranças políticas do partido no poder, Morena (Movimento de Regeneração Nacional).
Nesta visita, Lula está acompanhado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, do senador Humberto Costa e dos ex-ministros Celso Amorim e Aloizio Mercadante.
Esta viagem estava prevista para janeiro, mas teve de ser adiada devido à contingência sanitária criada pela pandemia do coronavírus.
Brasil e México constituem as duas maiores economias da América Latina e também os dois maiores países em termos de população e território.
Lula é o favorito para as eleições presidenciais de outubro próximo. Pesquisas recentes dão a ele uma intenção de voto de 42,2%, ante os 28% mobilizados nas pesquisas pelo atual governante, Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com estes estudos, outros dois candidatos às eleições, o político Ciro Gomes (PDT) e o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos) têm aprovação abaixo de dois dígitos.
Após sofrer perseguição judicial e midiática para impedir sua participação nas eleições presidenciais de 2018, que o levaram a cumprir pena injusta de 580 dias, Lula recuperou sua elegibilidade em 2021 e todos os processos contra ele foram anulados por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na chegada ao México, hoje, Lula disse que a antipolítica de Bolsonaro será derrotada nas urnas.
– O Brasil está sendo destruído. As pessoas estão empobrecidas… Temos 116 milhões de pessoas vivendo em insegurança alimentar, o Brasil voltou ao mapa da fome. Temos um governo que não governa de verdade, que foca na mentira e não respeita absolutamente nada. Não respeita indígenas, negros, mulheres… e trata governadores e prefeitos como inimigos. Esse governo desastroso, que é resultado direto do sentimento antipolítico de que as elites, com a ajuda dos setores midiáticos, plantadas no Brasil, serão derrotadas este ano nas urnas – disse o ex-presidente ao jornal La Jornada.
A antipolítica, continua Lula, foi a resposta das elites que nunca aceitaram governos que atuassem de forma independente e pelos mais pobres. A ideia de que os filhos dos pobres pudessem ingressar nas universidades, graças a programas de ação afirmativa e apoio financeiro, nunca foi aceita pelas elites.
Segundo o petista, não conseguindo derrotar democraticamente os governos progressistas, as elites criaram uma espécie de antipolítica e, com o apoio da grande mídia, promoveram o afastamento de Dilma e o processo judicial contra ele próprio [Lula].
– Qual é o resultado disso? Foi Bolsonaro, que em três anos de governo já teve um impacto tão violento no aumento de mortes que a expectativa de vida dos brasileiros foi reduzida em quatro anos. O Brasil é o segundo país com mais mortes por Covid, há fome e as armas estão espalhadas pela sociedade. Portanto, a rejeição (de Bolsonaro) pelo povo brasileiro é imensa, como mostram todas as pesquisas – declarou ao La Jornada.
Lula avalia que teve muito sucesso como presidente, porque deixou o cargo com 87% de aprovação, com o Brasil crescendo 7,5% ao ano e um grande papel no cenário internacional.
– Tudo isso com democracia, liberdade de imprensa, liberdade de expressão. As pessoas se lembram disso. E meu desafio é voltar, fazer melhor do que já fiz, com toda a experiência e aprendizado que tive ao longo dos anos.
Consciente, Lula não descarta que as forças conservadoras pretendam impedir sua eventual vitória.
– A batalha para restaurar a democracia plena no Brasil será difícil, mas estou otimista. O povo brasileiro já está farto dessa anomalia que vivemos e um democrata será eleito em 2022. O desafio de governar e reconstruir o Brasil é maior do que vencer as eleições – disse o ex-presidente Lula.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.