“Lula conversou com mais líderes mundiais em três dias do que Bolsonaro em três anos”, diz Fernando Haddad

O ex-prefeito de São Paulo e pré-candidato ao governo, Fernando Haddad (PT), disse nesta sexta-feira (19/11) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez em três dias o que Jair Bolsonaro (sem partido) não fez em três anos em termos de diplomacia e relações internacionais para o Brasil.

“Lula conversou com mais líderes mundiais em três dias do que Bolsonaro em três anos”, comparou Haddad.

Segundo o ex-prefeito de SP e ex-ministro da Educação, Lula já começou a recuperar a imagem do Brasil, arrasada por Bolsonaro. “Passo necessário para a reconstrução do país”, emendou o petista.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou Bolsonaro que, na viagem pelo Oriente Médio, ficou mostrando quartos de hotéis de luxo e passeando de motocicleta “enquanto o povo está passando fome”. Segundo ela, 25 milhões de brasileiros vão ficar sem renda. “Esse é o número de famílias excluídas do tal Auxílio Brasil”, disse.

O jornalista Kennedy Alencar, colunista do UOL, também compartilha da ideia de que a viagem de Lula à Europa ajuda a recuperar a imagem do Brasil no exterior.

“A viagem de Lula engrandece o Brasil, mostra que o Brasil não é o Bolsonaro”, disse o colunista, ao ressaltar a “desimportância” do tour do presidente Jair Bolsonaro pelo Oriente Médio porque “não gera nenhum benefício ao Brasil”.

Economia

Para o jornalista do UOL, “apesar de ter ficado preso 580 dias e enfrentado tudo o que enfrentou na [Operação] Lava Jato, manteve o prestígio internacional e o respeito”.

O ex-presidente Lula encerra sua viagem pelo Velho Continente. Ele participa hoje de encontro com o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Palácio de Moncloa.

O périplo do petista pela Europa contemplou Alemanha, Bélgica, França e Espanha.

Na Espanha, Lula é recebido por Pedro Sánchez [vídeo]

Lula faz turnê europeia de sucesso, afirma Le Monde

Como um chefe de estado em exercício. Foi assim que Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como “Lula”, foi recebido na quarta-feira, 17 de novembro, por Emmanuel Macron. O carismático líder da esquerda brasileira foi recebido com todas as honras no Palácio do Eliseu: o presidente francês não hesitou em convocar a Guarda Republicana para a ocasião e descer os sete degraus do palácio para receber calorosamente seu ilustre convidado.

Programada para durar cerca de trinta minutos, a entrevista entre os dois homens finalmente durou mais de uma hora. A conversa, qualificada pelo Eliseu como “calorosa” e “de alto nível”, incidiu sobre todos os assuntos: clima, Amazônia, América Latina, Europa, globalização … “Eu sabia que Lula seria bem recebido. Mas não esperava algo tão espetacular! Emmanuel Macron entendeu a importância do Brasil e de Lula ”, disse um integrante da equipe brasileira.

No entanto, tudo parece separar essas duas feras políticas, que se encontraram nesta quarta-feira pela primeira vez. O que há de comum, aliás, entre o velho leão brasileiro, de 76 anos, líder de esquerda, ex-sindicalista siderúrgico que se tornou presidente de 2003 a 2011, e o lobo francês de 43 anos, liberal, ex-banqueiro de negócios, apóstolo da “nação start-up”? Mas, à medida que o ano de 2022 se aproxima, os dois homens descobrem interesses comuns. “Lula e Macron certamente serão candidatos presidenciais no próximo ano em seus respectivos países e cada um deve enfrentar um populista de extrema direita: Jair Bolsonaro no Brasil, e Eric Zemmour ou Marine Le Pen na França. Ao aparecerem juntos, eles mostram que estão engajados na mesma luta pela democracia ”, destaca Hussein Kalout, professor de relações internacionais da Universidade Harvard.

Relações geladas entre Macron e Bolsonaro

Para Emmanuel Macron, o encontro também foi a oportunidade perfeita para acertar suas contas com Jair Bolsonaro. O presidente francês nunca digeriu as zombarias e os insultos lançados contra ele (e também contra sua esposa) durante a grave crise diplomática de agosto de 2019, que surgiu em meio a incêndios na Amazônia. O Sr. Macron chegou então a desejar que “o povo brasileiro tenha muito rapidamente um presidente que se comporte a altura” de sua função.

Apesar de uma recente reunião de chanceleres dos dois países, a relação entre Paris e Brasília continua gelada. A recepção dada a Lula logicamente despertou a ira dos “bolonaristas” de Brasília. “A população francesa é madura e aprecia a democracia. Ela não se sentirá representada por um presidente que se encontra com um ex-condenado [no tribunal] e que ainda responde a diversos processos por corrupção ”, reagiu a deputada Carla Zambelli, próxima ao chefe de estado brasileiro e presidente da comissão de meio ambiente na câmara.

O caminho parece aberto, porém, para a volta ao poder do líder de esquerda. Depois de passar 580 dias atrás das grades, Lula viu todas as suas condenações judiciais anuladas em março. Mesmo que ele ainda não se tenha declarado oficialmente, ele agora é um grande favorito na próxima eleição presidencial, marcada para outubro de 2022. Algumas pesquisas indicam que ele seria o vencedor, no primeiro turno, contra Jair Bolsonaro.

Sinal dos novos tempos, a recepção no Palácio do Eliseu foi a culminação de uma turnê europeia qualificada de “triunfo” pela imprensa brasileira, durante a qual, além de Emmanuel Macron, Lula conseguiu se encontrar com o futuro chanceler alemão, Olaf Scholz, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, ou o chefe do governo espanhol, Pedro Sanchez. Em Paris, ele também se cruzou com Anne Hidalgo e Jean-Luc Mélenchon. “Por motivo de agendamento, não pude encontrar o meu amigo Sarkozy”, justificou Lula, especificando que o ex-presidente francês lhe deu todo o seu apoio.

Aparecer como um líder global

Com Jair Bolsonaro, o contraste é impressionante. Em outubro, o atual presidente brasileiro havia sido soberbamente ignorado por quase todos os grandes líderes do planeta reunidos no G20 organizado em Roma. “Bolsonaro se tornou um pária e agora está sendo punido por seu vandalismo diplomático. É perceptível que a lideranças de todo o mundo querem dar o troco agora”, decifra Mathias Alencastro, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.

Num Brasil pouco interessado nos assuntos internacionais, Lula se defende de qualquer perspectiva eleitoral. “Estou fazendo essa turnê a favor do Brasil, não estou fazendo isso para buscar um apoio para mim, mas para buscar apoio para mostrar que o Brasil poderia ser um pais muito melhor do que é agora”, disse ele.

Em Berlim, Bruxelas, Paris e Madri, Lula fez questão de cultivar seu lugar como líder global, pregando (em tom às vezes quase ingênuo) a harmonia entre os povos do planeta. “O futuro da humanidade deve ser construído no diálogo e no não autoritarismo, na paz e não na violência, com mais livros e não mais armas”, declarou durante o encontro. ‘Um discurso na Sciences Po Paris.

Mas por trás dessas palavras aparentemente sinceras está, na realidade, de acordo com muitos especialistas, uma estratégia pensada de longa data. “Lula já se prepara para a presidência. O principal objetivo desta visita foi atrair líderes empresariais e investidores europeus. Lula quer encarnar um Brasil estável e confiável ”, analisa Hussein Kalout.

O sucesso dessa turnê europeia teve pelo menos um efeito: tranquilizar muitos observadores e diplomatas, entristecidos pelo colapso do Brasil no cenário internacional há três anos. “Podemos ver que ainda existe um desejo pelo Brasil. Bolsonaro deixou um vazio. O mundo precisa de um líder forte, capaz de representar este país e a América Latina em geral. Com um mínimo de gestor racional, é possível retomar rapidamente a nossa influência ”, acredita o pesquisador Mathias Alencastro.

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