Lula admite PT não ter candidato a presidente em 2022

O ex-presidente Lula voltou a admitir que o PT pode não apresentar candidato a presidente da República em 2022. Em entrevista à TV Democracia, nesta quinta-feira (20), o petista afirmou que “é plenamente possível que o PT não tenha candidato à Presidência”.

“É plenamente possível que o PT não tenha candidato à Presidência. O PT pode ter candidato a vice. O PT pode ser candidato a outra coisa. Isso é plenamente possível”, declarou o ex-presidente ao canal do jornalista Fábio Pannunzio.

A repercussão da fala do ex-presidente Lula correu as redes sociais como um rastilho de pólvora.

“Os que insistem com a candidatura do Lula na presidência da república, ou desconhecem o domínio do capital financeiro e seus interesses sobre o Judiciário brasileiro, ou querem ver o Lula preso e a prevalência do liberalismo econômico no país”, comentou o ex-senador Roberto Requião (MDB-PR), um dos possíveis nomes alternativos ao de Lula ou ao PT. “Desejo muito estar errado”, completou o emedebista.

A fórmula “K” foi a que possibilitou na Argentina a vitória de Alberto Fernández (presidente) e Cristina Kirchner (vice). A ex-presidente abriu mão da cabeça de chapa em virtude da perseguição política do judiciário argentino, porém seu gesto desarmou os conservadores e derrotou o então presidente Mauricio Macri.

“É preciso ter um candidato (de esquerda) que tenha habilidade de tratar os partidos com o respeito que os partidos merecem. Não adianta querer brigar com o PT. Não podem querer que o PT abra mão dessa grandeza que o povo lhe deu (nas urnas) a troco de nada. Ou apresenta um candidato maior do que o PT ou não tem chance. As pessoas falam: ‘Olha, eu tenho uma pesquisa que mostra que no segundo turno tem (candidato com) mais voto que o Lula’. Ok, mas, para passar para o segundo turno, tem que passar antes pelo primeiro”, afirmou o ex-presidente Lula.

Economia

O petista também puxou a orelha de Ciro Gomes (PDT) que, no segundo turno das eleições 2018, resolveu viajar a Paris em vez de apoiar a campanha de Fernando Haddad (PT).

“Tenho mais carinho pelo Ciro do que ele tem demonstrado ter por mim. O companheiro Ciro deveria ter ficado no Brasil e ter declarado apoio ao Fernando Haddad (contra Jair Bolsonaro). Mas ele preferiu um gesto de rebeldia”, disse.

Além de Ciro e Requião, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), também busca se credenciar com candidato à Presidência da República pela esquerda brasileira.

Quanto à “desistência” de Lula, não foi a primeira. Em dezembro do ano passado, 40 dias depois de deixar a prisão, o ex-presidente disse num evento no Rio que não disputaria a eleição presidencial de 2022. Na época, o petista alegou que tem muitos processos, terá 77 anos de idade, e que a Globo não gosta de dele.

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Gleisi sobre prisão de Bannon: “Fundamental para desbaratar esquema nefasto que corrói democracias”

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), usou as redes sociais nesta quinta-feira (20) para comentar sobre a prisão do estrategista e marqueteiro estadunidense Steve Bannon.

“Prisão de Steve Bannon, peça chave da máquina de Fake News de Trump e guru de Bolsonaro e sua trupe, é fundamental p/ desbaratar esquema nefasto que corrói democracias pelo mundo. Por aqui, faço votos p/ q as investigações da CPMI, STF e TSE avancem contra essa quadrilha do mal”, escreveu a dirigente petista no Twitter.

Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump e conselheiro informal de Jair Bolsonaro, foi preso e indiciado hoje, juntamente com outras três pessoas, nos Estados Unidos.

Ele é acusado de ter participado de uma fraude numa campanha virtual de doações relacionada à construção de um muro na fronteira entre Estados Unidos e México.

A campanha “We Built That Wall” (Nós construímos o muro) arrecadou US$ 25 milhões (R$ 141 milhões). Bannon e outros envolvidos teriam enganado os doadores e usado o dinheiro para custear gastos pessoais, de acordo com o Departamento de Justiça norte-americano.