Lindbergh chama de escândalo a tentativa de reduzir penas de Bolsonaro

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), classificou como “escândalo” a decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), de tentar votar ainda nesta terça-feira 9 o projeto que reduz penas de Jair Bolsonaro (PL) e de militares envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

A reação veio após a reunião de líderes, quando Motta comunicou de surpresa que colocaria em plenário o chamado PL da Dosimetria, texto relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e visto por setores da oposição como uma manobra para suavizar condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal.

Lindbergh disse que a iniciativa afronta o momento histórico em que o país, pela primeira vez, responsabiliza altos comandantes e articuladores de uma ofensiva contra a democracia. Para ele, o Parlamento “abraçar os golpistas” é um movimento que fere a institucionalidade e normaliza o extremismo que tentou romper a ordem constitucional.

O parlamentar também denunciou o que chamou de “retaliação política” contra o deputado Glauber Braga (Psol-RJ). Segundo Lindbergh, líderes articulam pautar a cassação do mandato de Glauber, jogando seu nome “junto de casos que nada têm a ver” com sua atuação, como forma de pressionar e punir vozes críticas ao bolsonarismo dentro da Câmara.

O petista afirmou que a oposição não aceitará a votação surpresa nem a tentativa de blindar Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por sua participação nos atos que culminaram na invasão e depredação de prédios dos Três Poderes. Ele convocou mobilização imediata das bancadas progressistas para barrar o avanço da proposta.

A ofensiva de Motta reforça o alinhamento do presidente da Câmara ao bolsonarismo, num esforço para recolocar o Congresso como protagonista de uma agenda que contraria decisões do Supremo e sinaliza um gesto ao núcleo duro do ex-presidente. A manobra expõe o choque entre projetos de país, tensiona o ambiente institucional e reacende disputas profundas às vésperas de 2026.

A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) divide a direita e ameaça a construção da candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), patrocinada pela Faria Lima. Esse choque interno ajuda a explicar a votação a toque de caixa do PL da Dosimetria, usada como gesto de pacificação ao bolsonarismo num momento de disputa intestina.

A ofensiva pela redução de penas, nesse sentido, funciona como moeda de sobrevivência do clã, mecanismo de reposicionamento interno e escudo simbólico para Jair Bolsonaro, preso e enfraquecido, mas com poder de veto importante entre setores extremistas.

A crise aberta pela pauta da anistia mostra que o Brasil segue dividido entre consolidar a responsabilização pelos ataques à democracia ou recuar diante da pressão de forças que buscaram romper o Estado Democrático de Direito. O desfecho da votação pode redefinir não apenas o destino político de Bolsonaro, mas o futuro do Parlamento diante da história.

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