O autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, foi atirado ao mar pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao admitir que poderá abrir diálogo com o presidente de fato e de direito Nicolás Maduro.
“Poderia talvez pensar nisso”, disse Trump, em entrevista concedida na sexta-feira ao site Axios no Salão Oval da Casa Branca, quando perguntado sobre a possibilidade de se reunir com o líder bolivariano. “Maduro gostaria de se reunir. E eu nunca oponho às reuniões. Sabe, raramente me oponho às reuniões.”
Ao colocar em dúvida a legitimidade de Guaidó, necessariamente, Trump mostra disposição de reconhecer como legítimo Nicolás Maduro.
A reviravolta na política americana em relação a Venezuela tem ao menos três fatores básicos: 1. Guaidó era uma invenção de seu ex-assessor para segurança, John Bolton, atual desafeto; 2. enfraquecimento de seu aliado no Brasil, Jair Bolsonaro, que dificulta uma intervenção militar no país caribenho; 3. dificuldades domésticas com o coronavírus e seus efeitos na economia.
Bolton, em sua autobiografia, relata que Trump considerava Guaidó um “moleque” em comparação a Maduro e por isso lançava dúvidas a respeito de sua liderança na Venezuela.
“Guaidó foi eleito”, disse Trump na entrevista. “Acho que eu não estava necessariamente a favor, mas algumas pessoas gostavam dele, outras não. Ele me parecia bem. Não acho que fosse muito significativo de uma maneira ou de outra.”
Trump tem a impressão que, por orientação de seu ex-assessor de Segurança, perdeu muito tempo e energia com Guaidó. É nesse contexto –e da proximidade da eleição presidencial, em novembro– que o presidente americano sinaliza para Maduro.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.