Jovens sem título de eleitor mergulhados num mar de analfabetos políticos

Que exemplos estamos deixando para nossa juventude?

Por Requião Filho*

Se estivesse vivo, o poeta e dramaturgo de esquerda alemão, Bertolt Brecht, completaria 124 anos neste mês de fevereiro. E mais de um século depois, um de seus poemas mais famosos continua a fazer sentido. É o “Analfabeto Político”. O escritor discorre em seu texto sobre aquele cidadão que não ouve, nem fala nada, nem participa dos acontecimentos políticos. Um retrato vivo sobre a nossa juventude que, em pleno século XXI, ainda não descobriu a importância da política como agente de transformação da realidade em que vive.

No Paraná, o número de jovens com menos de 18 anos que tiraram o título de eleitor despencou nos últimos anos. Segundo levantamento feito pelo Jornal Bem Paraná, em janeiro de 2018 eram pouco mais de 82 mil jovens eleitores. Hoje são apenas 35,5 mil nessa faixa etária com título na mão, uma queda de quase 57%. E no que isso vai se refletir nas urnas em outubro deste ano? Oras, serão 275 mil jovens abrindo mão de escolher o seu futuro.

Muitos deles sequer terão a oportunidade de concluir os estudos no Ensino Médio, ou ainda, prestar um vestibular, porque as condições de vida do paranaense tem piorado violentamente nos últimos dez, doze anos. Em casa, seus pais já não conseguem mais sair do vermelho, com tantas contas e impostos para pagar. Tarifas de água e luz? Essas estão chegando com valores exorbitantes, muito além do que qualquer família poderia bancar.

Estamos vivendo tempos desumanos e cada vez mais sendo levados por decisões tomadas indiretamente por quem não está feliz e também não quer mudar de situação. Preferem acreditar no que diz a corrente do “tiozão do Whatsapp”, do que buscar informação de qualidade.

Economia

Não ouço, não falo e não vejo: Jovens sem título de eleitor mergulhados num mar de analfabetos políticos
Não ouço, não falo e não vejo: Jovens sem título de eleitor mergulhados num mar de analfabetos políticos

Imagine que alegria poder pegar um empréstimo com juros de 1% ao mês? O Requião fez isso no passado. Ou ainda, pagar mais barato pra ter comida na mesa, porque mais de 90 mil itens tiveram seu ICMS reduzido ou zerado? Ou ainda, chegar numa escola bem estruturada, com equipamentos modernos, internet e professores trabalhando satisfeitos, bem remunerados, porque o Governo deu toda atenção necessária para a Educação? Sim, isso um dia já foi a realidade dos paranaenses, porque tinha no comando um Governador que se importava com as pessoas!

Agora imagine o comércio do seu bairro, crescendo cada vez mais, porque o Governo deu incentivos para a geração de empregos e a contratação com carteira assinada. Ou um policial saindo às ruas bem equipado, com salários em dia, coletes de bala que não estão vencidos, e trabalhando com toda energia e satisfação para garantir a segurança do nosso povo.

É esse Paraná que eu sonho de novo! Um Paraná com Requião, com prato cheio na mesa, com mesa farta, com esperança no campo e na cidade. Um Paraná que tinha orgulho de eleger seus representantes. Não como hoje, perdidos em fake news dos aplicativos de mensagens, com montagens que deturpam a imagem das pessoas, que não respeitam homens e mulheres de bem que só estão tentando fazer a sua parte.

Termino este artigo de hoje, deixando uma reflexão, tal qual fez Bertold Brecht ao fim de seu poema:

“O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.”

*Requião Filho, advogado, é deputado estadual pelo MDB do Paraná.