O Blog do Esmael explica que a eleição presidencial chilena confirmou o roteiro esperado: Jeannette Jara e José Antonio Kast se enfrentarão no segundo turno de 14 de dezembro, após um primeiro turno que consolidou a polarização entre a centro-esquerda do governo Gabriel Boric e a direita dura do Partido Republicano.
Com 71,16% das mesas escrutadas pelo Serviço Eleitoral do Chile, o Servel, Jara aparecia com 26,67% dos votos, enquanto Kast vinha logo atrás com 24,19%, garantindo a ambos a vaga na disputa final pela Presidência.
A confirmação dissipou a tensão que dominou a reta final do pleito, quando pesquisas apontavam possibilidade de mudanças na ordem dos candidatos. Com a apuração avançando, a tendência se cristalizou e eliminou qualquer surpresa.
Franco Parisi, Johannes Kaiser, Evelyn Matthei, Harold Mayne-Nicholls, Marco Enríquez-Ominami e Eduardo Artés ficaram para trás, fragmentando o campo progressista, o antipolítico e a direita tradicional.
Jara, ex-ministra do Trabalho e figura de confiança do presidente Gabriel Boric, construiu sua candidatura dentro do gabinete. Ganhou projeção ao negociar a reforma da previdência, consolidando imagem de articuladora e gestora capaz de unir forças divergentes. A popularidade crescente pesou na escolha do Partido Comunista e da coalizão governista para sustentá-la como presidenciável.
Na disputa interna, ela derrotou nomes como Carolina Tohá, Gonzalo Winter e Jaime Mulet, tornando-se a representante oficial do bloco progressista no momento mais sensível do governo Boric, pressionado por demandas sociais e pela recuperação econômica.
Kast, fundador do Partido Republicano, chega ao seu terceiro e último intento presidencial. A campanha foi planejada para evitar os erros de 2017 e 2021, com menos exposição e mais controle da agenda. Ele adotou a bandeira de um “governo de emergência” centrado na segurança pública, no combate ao crime organizado e na crítica ao legado da esquerda.
Recusou participar de primárias com Chile Vamos, movimento que enfraqueceu a direita tradicional, mas o colocou diretamente na cédula e turbinou sua narrativa de liderança incontestável no campo conservador.
Com a derrota de Matthei e Kaiser, Kast herda os apoios da direita, embora Kaiser já tenha avisado que não dividirá palanque. Matthei, por sua vez, mantém suspense, mas deve convergir para a unidade conservadora.
A disputa de segundo turno se dá sob forte pressão emocional, política e econômica. No campo de Jara, o desafio é ampliar o teto e atrair eleitores de esquerda, centro e a base moderada de Matthei. A meta simbólica de 30% no primeiro turno, defendida pelo comando da campanha, não foi atingida, o que deixa a batalha mais acirrada.
Para Kast, o caminho passa por consolidar a direita e capturar parte do eleitorado antipolítico de Parisi, sempre volátil, mas decisivo em disputas apertadas no Chile contemporâneo.
A campanha reabre debates centrais da sociedade chilena: previdência, desigualdade, segurança pública, migração, estabilidade democrática e rumos da economia. O voto de dezembro definirá se o Chile manterá o ciclo progressista iniciado por Boric ou fará um giro à direita com o extremista.
O Blog do Esmael continuará acompanhando a eleição chilena, que influencia o tabuleiro político sul-americano e projeta impactos para o Brasil e a região.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.






