29 de abril de 2015 ficou marcado na história do Paraná e do Brasil como o dia em que o então governador Beto Richa (PSDB) montou um aparato de guerra e massacrou milhares de professores e servidores estaduais.
O palco para a barbárie foi a Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, em Curitiba. Local onde estão situados o Palácio das Araucárias, sede do governo do Estado; a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça do Paraná.
Dezenas de milhares de professores e servidores de diversas categorias do funcionalismo público estadual estavam reunidos na praça protestando contra um projeto do governo para confiscar seu fundo de aposentadoria. A votação da matéria estava prevista para aquele dia e já havia sido adiada por causa dos protestos.
O então governador Beto Richa e seu secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, não estavam dispostos a deixar os manifestantes atrapalharem seus planos, e ao menor sinal de avanço dos manifestantes a Polícia Militar abriu fogo.
Foram tiros de balas de borracha, bombas lançadas de helicópteros, gás lacrimogênio, cães ferozes, cassetetes. Tudo contra os professores e servidores armados somente com palavras de ordem.
“Helicópteros disparavam a esmo bombas contra o povo”, testemunhou horrorizada a senadora Gleisi Hoffmann (PT), em missão oficial do Senado, ao atravessar a Praça Nossa Senhora Salete.
Mais de 200 feridos deram entrada em hospitais. Aliás, a própria Prefeitura de Curitiba foi transformada em hospital de primeiros socorros. Após o massacre, o governo ainda tentou passar parte da culpa para os professores e servidores. Como não colou, o então secretário de Segurança, Fernando Francischini (PSL) foi sacrificado como bode expiatório.
Em 2018, Francischini disse que não se arrepende e que faria tudo de novo. Ninguém duvida.
Enquanto as bombas e tiros explodiam na Praça, os deputados votavam o projeto do confisco. A bancada da oposição tentou parar a sessão e suspender a votação, mas o presidente da Assembléia, deputado Ademar Traiano (PSDB) ameaçava continuar só com os governistas.
Um vídeo mais que bizarro que circulou aquele dia mostra integrantes do Palácio Iguaçu assistindo ao massacre e comemorando quando a Polícia fazia ataques aos servidores. Assista a seguir.
Neste outro vídeo, mais cenas do massacre.
O então governador Beto Richa chegou a candidatar-se ao Senado, mas foi preso por corrupção no meio da campanha e acabou defenestrado do cenário político. A vice-governadora Cida Borghetti candidatou-se ao governo, mas teve somente 15,53% dos votos válidos.
O atual governador Ratinho Junior (PSD) segue atacando os direitos dos servidores. O que, aliás, vem acontecendo em quase todo o país.
Ainda falta muito para superarmos o 29 de abril de 2015. Esquecer, jamais.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.