Globo pressiona Guedes: ou privatiza ou caiu fora do governo

Na madruga é quando a TV Globo dá o recado mais áspero para o ministro da Economia Paulo Guedes. Pelo Jornal da Globo, de hoje (12), a ironia do comentarista Carlos Alberto Sardenberg foi certeira: Guedes prometeu privatizar três ou 4 grandes estatais, não conseguiu; reforma administrativa, não saiu, não reduziu salários dos servidores nem diminuiu gastos com aposentadorias e pensões.

“Só tá faltando Paulo Guedes [deixar o governo]”, ameaçou Sardenberg, ao comentar sobre a debandada de 7 membros da equipe econômica. “A agenda de Guedes está caindo aos pedaços e quem está assumindo a agenda é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia”, completou.

Paulo Guedes continua sendo o ministro da “semana que vem nós vamos”, segundo a Globo, dentre da perspectiva neoliberal de dilapidar a soberania nacional e ferrar com os trabalhadores brasileiros.

Em sua defesa própria –e dos interesses cruzados dos bancos e dos barões da velha mídia — Paulo Guedes afirmou nesta terça-feira (11) que não apoia eventuais medidas para furar o teto de gastos do governo, limite estabelecido na Constituição em 2016 para impedir o aumento de despesas no Orçamento que será elaborado para o ano seguinte. A declaração do ministro foi feita após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Guedes reafirmou que não há apoio para uma eventual tentativa de furar o teto de gastos do governo para garantir investimentos públicos no país.

“Não haverá nenhum apoio do ministério da Economia a fura-tetos. Se tiver ministro fura-teto, eu vou brigar com ministro fura-teto”, disse.

Economia

O ministro da Economia também afirmou que o país foi obrigado a gastar mais recursos com saúde neste ano devido à pandemia da covid-19, mas que o padrão de gastos não pode ser mantido em 2021, indicado que o arrocho no SUS (Sistema Único de Saúde) voltará mais raivoso.

“Se nós tentamos ano seguinte seguindo com o padrão de gastos, nós vamos para o caos. Os conselheiros do presidente [Bolsonaro] que estão aconselhando a pular a cerca e furar-teto vão levar o presidente para uma zona de incerteza, para uma zona sombria, zona de impeachment, zona de irresponsabilidade fiscal, e o presidente sabe disso. O presidente tem nos apoiado”, analisou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, uma espécie de “ouvidor” do sistema financeiro, também defendeu o equilíbrio fiscal e disse que os investimentos devem vir do corte de despesas públicas.

“Nossa decisão de estar aqui falando em conjunto é para mostrar para a sociedade brasileira, para o governo brasileiro, para o Legislativo brasileiro que nós queremos encontrar caminhos para melhorar a qualidade do gasto público, mas não será furando o teto de gastos. Não há jeitinho para resolver os problemas de gasto público no Brasil. Só tem um jeito, é reformar o Estado brasileiro”, disse Maia.

Na última pressão da Globo, no ano passado, resultou na aprovação da criminosa reforma da previdência –o fim das aposentadorias– projeto que aprofunda o desemprego e a recessão no País.

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Deputada autora de projeto que autoriza a ozonioterapia é internada com Covid-19

O Brasil é o país da piada pronta. A deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) testou positivo para Covid-19 e foi internada na manhã desta terça-feira (11) em um hospital particular na Asa Sul, em Brasília.

A parlamentar é autora de um projeto de lei que autoriza o uso da ozonioterapia no combate ao novo coronavírus. O procedimento consiste na aplicação de oxigênio e ozônio pelo ânus do paciente. Não há evidências científicas de que o tratamento funcione contra a doença.

O principal propagandista da aplicação de ozônio pelo ânus é o prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni (MDB), que publicou um vídeo sobre o tratamento.

Paula Belmonte enviou uma mensagem a colegas dizendo que teve 30% dos pulmões comprometidos pela doença.

“O médico avaliou pela internação. Tenho aneurisma cerebral, uma preocupação. Estou tossindo, me sentindo cansada, mas tranquila. Confesso, quando recebi a notícia da internação, me deu frio na barriga”, escreveu.

A deputada brasiliense é da linha de frente do bolsonarismo. Seu marido, o empresário Luís Felipe Belmonte, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, é um entusiasta da criação do novo partido de extrema direita Aliança pelo Brasil.

Quanto ao projeto de lei que autoriza o uso da ozonioterapia no combate ao novo coronavírus, Paula Belmonte diz:

“Salienta-se que é pacífico que ainda não há qualquer evidência científica relacionada à efetividade da ozonioterapia na prevenção ou tratamento para o Coronavírus, entretanto, possibilitar que a comunidade médica utilize o tratamento quando julgar necessário pode se tornar benéfico, afinal, ‘essa terapia vem sendo cada vez mais estudada com intuito de auxiliar em tratamentos de feridas extensas, infecções fúngicas, bacterianas e virais, lesões isquêmicas e várias outras afecções, tendo se mostrado muito eficaz na maioria dos casos’”, diz o texto do projeto.

Juíza do Paraná condena homem por ser negro

Reportagem do Brasil de Fato mostra que a juíza Inês Marchalek Zarpelon, da 1ª Vara Criminal da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba (PR), condenou um homem “em razão da sua raça”.

Ela escreveu na sentença: “Sobre sua conduta social nada se sabe. Seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça, agia de forma extremamente discreta os delitos e o seu comportamento, juntamente com os demais, causavam o desassossego e a desesperança da população, pelo que deve ser valorada negativamente.” (Grifo nosso)

A magistrada repetiu a mesma afirmação outras duas vezes ao citar o acusado. “Sobre sua conduta social nada se sabe. Seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça.”

A decisão foi proferida no dia 19 de junho e publicada na última terça-feira (11). Natan Vieira da Paz, 48 anos, foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão sob a acusação de praticar furtos no centro de Curitiba. Junto com ele, outras oito pessoas foram condenadas.

A defesa vai recorrer da sentença no Conselho Nacional de Justiça.

As informações são do Brasil de Fato.