Gilberto Gil, ex-ministro no governo Lula, é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras

Uma semana após a eleição de Fernanda Montenegro, o cantor e compositor Gilberto Gil foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), a Casa de Machado de Assis.

O cantor e compositor de 79 anos vai ocupar a cadeira número 20 da ABL, que era ocupada pelo jornalista Murilo Melo Filho, falecido no dia 27 de maio de 2020.

Gilberto Gil recebeu 21 votos contra 7 do poeta Salgado Maranhão.

O autor e crítico literário Ricardo Daunt não foi votado.

Baiano de Salvador, Gil foi embaixador da ONU para agricultura e alimentação e ministro da Cultura do Brasil, entre 2003 e 2008, durante partes dos dois mandatos do ex-presidente Lula.

O também cantor, compositor e escritor Chico Buarque poderá ser o próximo imortal na ABL –quando houver vaga aberta.

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“Alguém já chamou a ABL de Academia Bolchevique de Letras? Claro que não, o gado (dos dois lados) nem sabe o que é isso”, provocou o ator Zé de Abreu.

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Sobre Gilberto Gil, o novo imortal

Gilberto Gil iniciou sua carreira no acordeon, ainda nos anos 50, inspirado por Luiz Gonzaga, pelo som do rádio e pela sonoridade do Nordeste. Com a ascensão da bossa nova, Gil deixa de lado o acordeon e empunha o violão, e em seguida a guitarra elétrica, que abriga as harmonias particulares da sua obra até hoje. Suas canções desde cedo retratavam seu país, e sua musicalidade tomou formas rítmicas e melódicas muito pessoais. Seu primeiro LP, Louvação, lançado em 1967, concentrava sua forma particular de musicar elementos regionais, como nas conhecidas canções Louvação, Procissão, Roda e Viramundo.

Em 1963 inicia com Caetano Veloso uma parceria e um movimento, a tropicália, que contempla e internacionaliza a música, o cinema, as artes plásticas, o teatro e toda a arte brasileira. O movimento gera descontentamento da ditadura vigente, que o considera nocivo à sociedade com seus gestos e criações libertárias, e acaba por exilar os parceiros. O exílio em Londres contribui para a influência do mundo pop na obra de Gil, que grava inclusive um disco em Londres, com canções em português e inglês. Ao retornar ao Brasil, Gil dá continuidade a uma rica produção fonográfica, que dura até os dias de hoje. São ao todo quase 60 discos e em torno de 4 milhões de cópias vendidas, tendo sido premiado com 9 Grammys

Em 2002, após sua nomeação como Ministro da Cultura, o Acadêmico passa a circular também pelo universo sócio político, ambiental e cultural internacional. No âmbito do Minc, em particular, desenha e implementa novas políticas que vão desde a criação dos Pontos de Cultura até a presença do Brasil em Fóruns, Seminários e Conferências mundo afora, trabalhando temas que vão desde novas tecnologias, direito autoral, cultura e desenvolvimento, diversidade cultural e o lugar dos países do sul do planeta no mundo globalizado. Suas múltiplas atividades vêm sendo reconhecidas por várias nações, que já o nomearam, entre outros, de Artista da Paz pela UNESCO em 1999, Embaixador da FAO, além de condecorações e prêmios diversos, como Légion d’ Honneur da França, Sweden’s Polar Music Prize, entre outros.