O general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), nesta terça (26/9), prestou depoimento diante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.
O depoimento foi marcado por uma série de alegações e respostas que merecem uma análise detalhada.
O Blog do Esmael examina cuidadosamente as principais declarações de Augusto Heleno e as respostas da relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
Uma das alegações mais marcantes feitas por Augusto Heleno foi a negação de que os atos antidemocráticos ocorridos em Brasília no início do ano tenham sido uma tentativa de golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O general argumentou que para caracterizar uma tentativa de golpe em um país tão vasto como o Brasil, seria necessária uma estrutura muito bem organizada, com uma liderança altamente preparada.
Em resposta, a senadora Eliziane Gama contestou as declarações de Heleno, afirmando que a CPMI reuniu informações e depoimentos que comprovam a ação de “militares, civis e autoridades” na preparação de um golpe de Estado em 8 de janeiro.
Ela destacou que houve planejamento, arrecadação de dinheiro, atividades de lazer e financiamento de transporte dos manifestantes durante os 69 dias de acampamento em Brasília.
Augusto Heleno também negou ter participado de qualquer articulação golpista contra o resultado das eleições presidenciais.
Ele afirmou que durante sua gestão no GSI, não atuou de forma político-partidária e que jamais esteve no acampamento em frente ao Quartel General do Exército.
A senadora Eliziane Gama voltou a contestar as declarações de Heleno, argumentando que crimes como a instalação de uma bomba perto do aeroporto de Brasília e a invasão do prédio da Polícia Federal foram planejados dentro do acampamento no Setor Militar Urbano.
Ela enfatizou que não se pode considerar o acampamento como um lugar pacífico, dadas as evidências de planejamento e liderança para ações violentas.
Augusto Heleno também negou ter participado de uma reunião ocorrida em novembro do ano passado entre o então presidente da República e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Essa reunião teria abordado a possibilidade de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula.
Ele argumentou que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordens de Jair Bolsonaro (PL), não participava de reuniões desse tipo e que as informações atribuídas a ele eram fantasiosas.
Heleno também afirmou que não teve conhecimento de uma minuta de decreto que sugerisse a convocação de novas eleições e a prisão de adversários de Bolsonaro.
Heleno minimizou a relevância das mensagens de cunho golpista trocadas entre o tenente-coronel Mauro Cid e oficiais do Exército, classificando-as como “fofoca”.
Ele enfatizou que tais conversas não representavam uma ameaça real à ordem institucional e que havia um claro desconhecimento de como funciona a hierarquia nas Forças Armadas.
Questionado sobre a transição no GSI, Augusto Heleno negou ter dificultado a transição para o general Marco Edson Gonçalves Dias e refutou a ideia de ter pedido a GDias a permanência no gabinete de oficiais ou servidores oriundos da gestão de Jair Bolsonaro.
Ele afirmou que as portas do GSI foram abertas com total transparência.
O depoimento de Augusto Heleno na CPMI do 8 de Janeiro gerou debates acalorados e levantou questões importantes sobre a suposta tentativa de golpe e o papel das autoridades envolvidas.
A relatora da comissão, senadora Eliziane Gama, desafiou as declarações de Heleno com base em informações e depoimentos coletados pela CPMI.
O desenrolar desses eventos continuará sendo um tópico de interesse e discussão no cenário político brasileiro.
Por isso, continue seguindo o Blog do Esmael em tempo real.
LEIA TAMBÉM