Fuga de 76 presos do PCC, no Paraguai, desafia Sérgio Moro

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acompanha com bastante atenção a fuga de 76 presos ligados ao PCC (Partido Comando da Capital), neste domingo (19), de uma penitenciária de Pedro Juan Caballero, no Paraguai. A fuga cinematográfica, por meio de um túnel, desafia politicamente o ministro da Justiça Sérgio Moro.

A ala bolsonarista do governo federal busca carimbar de “incompetente” o ex-juiz da Lava Jato, haja vista a aproximação da eleição presidencial de 2022. Moro é potencial adversário de Bolsonaro daqui a dois anos.

Basta o leitor fazer uma retrospectiva de 2019 para perceber que o ministro da Justiça foi derrotado em todas as pautas no Congresso, com a articulação do Palácio do Planalto.

O discurso de Moro e Bolsonaro é calcado no fetiche punitivista cujo mantra é ‘bandido bom é bandido morto’, portanto, eles são reféns desse populismo penal.

Qual seja, a cobrança da sociedade, da velha mídia e de Bolsonaro é grande pela recaptura dos presos do PCC.

Dito isto, voltemos à fuga cinematográfica de presos do PCC no Paraguai.

Economia

Moro determinou hoje mesmo o fechamento da fronteira entre Brasil e Paraguai no trecho que corresponde ao Mato Grosso do Sul. O desafio do ministro é recapturar esses presos porque, muito provavelmente, eles devem retornar ao Brasil.

A cidade Pedro Juan Caballero, no Paraguai, fica na fronteira com Ponta Porã (MS). Segundo o governo paraguaio, há cidadãos dos dois países entre os fugitivos.

De acordo com o ministério da Justiça, ainda não é possível dizer se a fronteira também será fechada no Paraná. Isso só acontecerá se houver um pedido do governador do estado, Ratinho Junior (PSD) – a exemplo do que fez o governo do Mato Grosso do Sul.

Até as 16h, nenhum dos países havia divulgado informações sobre a recaptura dos fugitivos.

O governo brasileiro também pediu ao Paraguai a lista com os nomes dos 76 integrantes do grupo. Segundo a Secretaria de Operações Integradas do ministério, equipes da Operação Hórus, que combate o contrabando em regiões de fronteira, foram alertadas.

Antes de decidir pelo fechamento da fronteira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, já tinha afirmado que o governo federal estava trabalhando junto com os estados para impedir a entrada dos detentos no Brasil.

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A ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Perez, informou pela manhã que 91 presos conseguiram escapar da prisão por volta das 4h (3h, em Ponta Porã) e disse que eles são integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Mais tarde, a procuradora Reinalda Palacios declarou que o número de fugitivos foi atualizado para 75, de acordo com o jornal “ABC Color”. O número passou para 76 no fim da tarde.

Uma lista de foragidos brasileiros e paraguaios foi divulgada pelo Ministério da Justiça. Entre eles, estão o brasileiro Timóteo Ferreira, apontado como líder da facção dentro do presídio, e seis supostos integrantes do grupo de matadores de aluguel ligados ao tráfico “Minotauro”. Eles atuam na fronteira e na semana passada buscavam deixar a prisão com uma ordem judicial.

O Ministério Público informou que vídeos das câmeras de segurança do presídio mostram uma movimentação intensa desde as 4h deste domingo. Para a promotora, é impressionante que os guardas não tenham agido diante das imagens que tinham à disposição.

Cinquenta dos detidos estavam em um piso superior e 25 no inferior, onde o túnel foi cavado. Para ter acesso ao piso inferior, os detentos devem passar por um portão, que deve permanecer trancado.

O que chamou a atenção dos promotores foi que esse portão estava trancado no momento em que Ministério Público foi visitar o local após a fuga.

As autoridades paraguaias investigam se houve uma rede de corrupção que facilitou a fuga. A ordem de captura dos foragidos deve ser emitida em algumas horas. Até a última atualização dessa matéria, nenhum deles havia sido recapturado.

Segurança do lado brasileiro

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Mato Grosso do Sul informou que está em contato com as autoridades paraguaias. O policiamento em Ponta Porã e Dourados, maior cidade da região e possível destino de fugitivos, foi reforçado com equipes da Polícia Militar e da Polícia Civil.

Com informações do G1