Coluna do Rafael Greca: Fruet na lanterna dos afogados

Em sua coluna desta quarta (24), Rafael Greca (PMN) fala sobre a enxurrada que castigou Curitiba na segunda-feira (22); e cita mais uma omissão do prefeito Gustavo Fruet (PDT) que, segundo ele, "se escondeu" ao invés de enfrentar os problemas e ajudar a cidade a superar os alagamentos. Para Greca, os problemas ocorridos na enxurrada também são resultado da falta de cuidado por parte da administração municipal com a rede de escoamento das chuvas, com bueiros entupidos e galerias sem manutenção. Greca mostra obras feitas em sua gestão como prefeito que hoje evitam que as enchentes atinjam outros pontos da cidade, como a Avenida Vicente Machado e a Praça Carlos Gosmes; e mostra soluções modernas para o problema. O ex-prefeito aborda ainda as "fofocas" que circularam no meio político sobre uma possível mudança de partido; é teoria sem velcro, que não cola; por fim, o colunista critica os atendimentos que ele considera precários na FAS. Leia, ouça, comente e compartilhe.
Em sua coluna desta quarta (24), Rafael Greca (PMN) fala sobre a enxurrada que castigou Curitiba na segunda-feira (22); e cita mais uma omissão do prefeito Gustavo Fruet (PDT) que, segundo ele, “se escondeu” ao invés de enfrentar os problemas e ajudar a cidade a superar os alagamentos. Para Greca, os problemas ocorridos na enxurrada também são resultado da falta de cuidado por parte da administração municipal com a rede de escoamento das chuvas, com bueiros entupidos e galerias sem manutenção. Greca mostra obras feitas em sua gestão como prefeito que hoje evitam que as enchentes atinjam outros pontos da cidade, como a Avenida Vicente Machado e a Praça Carlos Gosmes; e mostra soluções modernas para o problema. O ex-prefeito aborda ainda as “fofocas” que circularam no meio político sobre uma possível mudança de partido; é teoria sem velcro, que não cola; por fim, o colunista critica os atendimentos que ele considera precários na FAS. Leia, ouça, comente e compartilhe.

Rafael Greca*

Anteontem, durante o temporal de 50mm, ocupando o cargo de prefeito, nós não estaríamos debaixo da mesa ou da cama, como ficou o Fruet — pois ninguém mais uma vez o viu, como sempre ninguém o vê, é ausente. Também não colocaríamos o terceiro escalão da prefeitura para falar — não usaríamos funcionários públicos de escudo, esperando a chuva passar.

Estaríamos na linha de frente, na rua; desentupindo bueiros; salvando gente; resgatando a cidade; e, sobretudo, aprendendo as lições para que a surra que a intensa chuva localizada nos deu, não mais se repetisse.

Nós sabemos fazer, porque já fizemos antes. Foi assim que vencemos a enchente em janeiro de 1995, quando estava em curso a canalização do rio Ivo, obra de nossa administração, pouco lembrada, porque subterrânea, mas de útil até hoje.

Imagine como teriam ficado Vicente Machado, Rua XV, Praça Zacarias, Praça Carlos Gomes, Pedro Ivo, anteontem sem o canal de vazão construído por nós? Só imagine.

Naquele janeiro de 1995 tivemos uma cheia do Iguaçu. Choveu muito mais do que 50mm. Deixei de ir à China. Voltei do aeroporto. Decretei a emergência. Chamei o Engenheiro sênior Nicolau Kluppel.

Economia

Cavamos com urgência urgentíssima dois canais extravasores, um de cada uma das margens – a direita e a esquerda do rio Iguaçu. Retiramos os moradores nas áreas de risco do vale entre Uberaba, e deixamos livres o vale onde depois surgiram o Parque Japonês – ainda inacabado e não usado – e a Vila Icaraí.

Em tempo recorde, rebaixamos o leito dos rios. E canalizamos e dragamos dez rios: 1) o Ivo; 2) o Boqueirão; 3) o Ribeirão dos Padilha; 4) o Henry Ford; 5) o Atuba; 6) o Tarumã; 7) o Juvevê;8) o rio Ponta Grossa; 9) o rio Uvú; 10) o rio Passaúna;11) o Bacacheri;12) o Belém, próximo de sua foz.

O trabalho não parou por aí. Revisando o mapa de nossas 6600 obras em Curitiba, na sede do Instituto Farol do Saber, relembrei que refizemos 200 pontes, em apenas quatro anos.

Destaco “em apenas quatro anos” para deixar claro que a obra acontece quando existe vontade de fazer; que a obra acontece quando o prefeito sabe como fazer — vontade que atualmente não há; capacidade de realizar que atualmente não existe.

Nós sabemos como fazer. E nós viemos de longe. Da luta pela libertação dos escravos, ideal do meu bisavô, Comendador Macedo, junto com o Barão do Sêrro Azul, na loja maçônica curitibana “Luz Invisível”. Ajudavam negros escravos em risco a fugir para o Uruguai, dentro de barricas de erva mate, a partir do Armazém do Mate Macedo em Antonina.

Do trabalho intenso que pavimentou as calçadas de Curitiba. Em 1877, meu avô Raphael Francisco Greca chegou ao Brasil,vindo de Calábria, na Itália. Aos 14 anos, começou a trabalhar com o pai, Francesco. Em 1914, iniciou sua empresa pioneira de pavimentação com paralelepípedos. Também construiu quilômetros de galerias para águas pluviais, urbanizando as principais ruas de Curitiba.” A doce lembrança foi-me passada pelo engenheiro Tiago Chico, via Facebook, extraída do site da Cronos Engenharia, do meu primo,também engenheiro,Eurico Greca.

É por isso que insisto: — Fruet, se está difícil para você, deixa que eu faço.

Depois dos alagamentos de anteontem, resta perguntar:— Prefeito, o que foi feito?

Mandou limpar hoje algum bueiro o galeria? Mandou dragar algum rio? Nada. Só desculpas esfarrapadas. Só falsidades, leviandades e palhaçadas no Facebook.

De concreto apenas a certeza:#CuritibaInspiraCuidados. Cuidados, porque os descasos da prefeitura são perigosos, causam riscos, podem matar.

Veja o que aconteceu com uma curitibana, contribuinte e advogada, que caminhava na rua Trajano Reis. A calçada abriu-se em cratera e ela foi tragada viva por um buraco aberto sobre seus pés.

Desabou uma galeria de águas pluviais na ladeira da Trajano Reis, acesso ao rio Lavapés, afluente do rio Belém. Há quantos anos está sem inspeção ou conservação?

O mesmo aconteceu na onda de cheia no braço do rio Juvevê, no seu estuário rumo ao Belém, entre o Cartório do Cajuru e o Polo Shopping, que transformou em paisagem amazônica dois bairros inteiros.

Quem correu risco de morte foi a senhora Navarro quando teve seu salão de beleza completamente destruído pela água. Aos 73 anos, trabalhadora e contribuinte, foi arrastada pela onda de cheia por mais de 50 metros e só parou no meio de rua, embaixo de um carro do Siate. Os objetos que estavam no comércio também foram levados. A curitibana foi parar no hospital, fraturada. Perdeu tudo, e suas clientes também, até os carros.

No festim diabólico de desculpas esfarrapadas da prefs, falam que as capivaras, insatisfeitas com o exíguo Lago do Parque Barigui, reivindicaram ao Fruet a cidade toda por território.

Sabemos que o problema é chuva localizada, mas isto se resolve com manutenção preventiva, com bueiros limpos, desassoreando-os. Resolve-se também impedindo que cobertores, trastes, trapos, drogas, e outros pertences dos moradores de rua sejam lançados nos bueiros. Resolve-se sobretudo com drenagem e dragagem. Quiçá possamos acrescentar a esta lista nossos acumuladores de vazão (foto do anteprojeto de engenharia).

acumuladores

Na última campanha para prefeito, em 2012, propusemos um inovador sistema de drenagem.

Planejamos um sub-solo inteligente: vazômetros, galerias com reguladores de vazão no subterrâneo das vias.

Os vazômetros estariam conectados a calçada ecológica, outra inovação, que permite enterrar a fiação elétrica e os demais cabos eletrônicos.

Será o fim dos alagamentos e também o fim das podas e dos cortes criminosos de nossas árvores.

Tudo embutido. Curitiba wireless. É assim que trabalhamos, antecipando soluções para os problemas que são e serão sempre crescentes.  De 2013 até hoje, quantos Vazômetros já estariam construídos?

Aos que tem saudades da Curitiba dos 300 anos lembro que todos temos saudade. Saudade do futuro.

Temos muita saudade do futuro, e indignação de sobra com este TTT fruetista,tibieza, tédio e tempo perdido.

Detesto o tédio. Tenho horror a tempo perdido, porque penso, imagino, sonho com tudo que a gente poderia ser e ainda não somos.

Detesto a tibieza. Esta fraqueza que fez Fruet fugir até de uma entrevista na UFPR, no Centro Acadêmico Hugo Simas, evitar a sabatina da Gazeta do Povo, preferindo falar direto com o departamento comercial do jornal.

Meu Deus, como essa gente arrogante e infantil — que não sabe fazer nada, que não conhece nada — chegou ao poder? Como a desonestidade destrutiva está no poder, ao invés da imaginação construtiva?

Qual lição Curitiba deve aprender desse sofrimento? Qual a verdadeira distância entre as nossas misérias, dívidas e carências e o mundo bilionário do marqueteiro do PT, o hoje encarcerado João Santana?

Vicente Machado
Obras feitas na Avenida Vicente Machado, na gestão de Rafael Greca, na tentativa de conter as enchentes do Rio do Ivo.
zz curitiba Canal do rio Ivo Praça Carlos Gomes 23 abril de 1993 - Cópia
Obras do desvio do Rio do Ivo para o canal de vazão, na Praça Carlos Gomes. Em foto de 23 de abril de 1993.

Só o povo é o poder — Sobre as opiniosas opiniões dos jornalistas Celso Nascimento e Rogério Galindo, publicadas repetidamente na Gazeta do Povo devo esclarecer: primeiro tentaram espalhar uma filiação minha ao DEM; agora espalham que estaria em acordos (“por baixo do pano”, sic) com o palácio Iguaçu.

Olho vivo: assim como a primeira, não passou de notícia sem fulcro, a segunda é teoria sem velcro.

Não colou, e não vai colar. Repito, reitero: — Minha única e objetiva preocupação é Curitiba.

Não tenho paciência nem tempo para minuetos palacianos, conchavos políticos, conversinhas de pé de ouvido.

Quero uma aliança com o povo. Quem quiser me apoiar é bem vindo.

Vai que o povo me leve, me devolva ao Paço Municipal 29 de Março. Aí a oportunidade de novamente servir à cidade amada.

#CuritibaInspiraCuidados. Repito. Minha única e objetiva preocupação é Curitiba.

Qualquer coisa fora desta linha, deve ser tomada por conversa em mesa de bar.

Cabe aviso aos “luas pretas” do Iguaçu e aos “luas vermelhas” do Fruet — os mais interessados em espalhar boatos desabonadores: vão praticando o desapego. Não há e nem haverá qualquer acordo, acordinho ou acordão, muito menos “por baixo dos panos” com quem quer que seja.

Quanto mais pobre for minha campanha, mais rica será a minha administração na prefeitura, pois estaremos livres para fazer o que Curitiba precisa, exige e merece.

Tais ilações não passam de ansiedade, mãe da versão não autorizada. Diversão para os curitibanos de boa alma , pois tamanha ansiedade revela a grande comédia humana que é o poder.

Poder o povo dá, poder o povo tira. Só o povo é o poder.

Do site Livre Jornal — Em apenas três meses, a central telefônica 156 recebeu 3.967 ligações pedindo que a Prefeitura de Curitiba encarasse situações relacionadas a “moradores de rua”.

Em 144 casos, havia crianças em risco. Em 1.442 casos eram adultos desabrigados, sós ou com familiares.

1057 pessoas descartadas dormiam ao relento.576 telefonemas denunciavam bêbados ou consumidores de substâncias inalantes.

A competente equipe do Livre.jor compilou dados de novembro de 2015 a  janeiro de 2016, da base de dados do 156, disponível na internet para verificação.

As ligações feitas davam o local em que a pessoa em situação de rua estava. Nos 3.967 telefonemas recebidos pelo Executivo, também há 518 indicações de gente desorientada, 77 adultos usando menores para esmolar, 17 terrenos baldios e/ou mocós e 101 conversas sobre pessoas desaparecidas.

Ao mesmo tempo mesmo a FAS/SOS, que abrimos e fizemos funcionar exemplarmente para socorro aos excluídos.

Fechada desde abril de 2015, as paredes emparedadas no casarão, antes acolhedor, da rua Conselheiro Laurindo.

Vemos mais: multidão de desvalidos, entre ratos e cães abandonados, descartados pelas ruas da cidade. A maioria das denúncias de excluídos em risco nas ruas situa-se no entorno da ex-central da FAS.

Os impostos urbanos aumentaram. Os berçários nos bairros fecharam.

O mato alto promove ambiente para dengue e zika, até nos portais dos postos de saúde. Curitiba ainda não viu brigadas saneadoras de Fumacê anti Aedes.

Os serviços públicos municipais minguam. O transporte metropolitano e da capital foi desintegrado e o custo das tarifas não baixou. Continuam a pagar pelos registros de uma única catraca, operada por uma única empresa terceirizada (Datapron?). Esta parece ser a grande esfinge do sistema, a dizer aos curitibanos: – “decifra-me ou devoro-te. Já começa a devorar o atual Prefeito?

Com um barulho destes, quem gosta de Curitiba, não pode tergiversar.

*Rafael Greca, ex-prefeito de Curitiba, é engenheiro. Escreve às quartas-feiras no Blog do Esmael sobre “Inteligência Urbana”.

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