Fruet engrossa o discurso e revela bastidores de seu tempo de tucano

por Roger Pereira, via Vanguarda Política

Em sabatina, Fruet desancou Ratinho Jr e Ducci. Foto: Vanguarda Política.
O candidato do PDT à  prefeitura de Curitiba, Gustavo Fruet, participou, na noite de terça-feira, dia 25, de uma sabatina com os estudantes das Faculdades Opet e, mais uma vez, teve que explicar a aliança que formou nesta eleição, com PT e PV. Fruet repetiu que não mudou de lado, que tem orgulho de sua atuação como parlamentar de oposição durante os oito anos de governo Lula e que não se arrepende da coligação que montou para esta eleição, com partidos e pessoas que pensam diferente, mas em convergência para fazer a transformação que a cidade está precisando!. Mas, ao comentar o processo de desfiliação do PSDB, seu antigo partido, o candidato contou detalhes ainda inéditos. Disse que já era apontado como potencial candidato a prefeito de Curitiba nesta eleição desde 2004 e que teve seu nome vetado para ser vice de Beto Richa (PSDB) em 2008 e para ser candidato ao Senado em 2010.

Depois de tudo o que fiz em Brasília (foi um dos mais atuantes deputados de oposição e teve papel de destaque como sub-relator da CPI dos Correios, que investigou o mensalão), o PSDB negou a possibilidade de eu ir para a convenção para disputar o Senado, isso poucas pessoas sabem. Eu fui para o diretório do meu partido e disse que queria levar meu nome para a convenção do PSDB. Negaram a possibilidade de eu ir para a convenção. Daí, no penúltimo dia, quando o Osmar Dias (PDT) saiu candidato a governador, eu fui convocado pelo Beto Richa para ser candidato ao Senado. Eu aceitei, mostrando que sou capaz de abrir mão de um projeto pessoal por um projeto maior. Abri mão da minha reeleição para ajudar o partido!, disse o candidato, que contou mais. Eu nunca falei isso em público, mas quando fui apoiar o Beto em 2004, eu não fui de molecagem. Ele sabe que eu fui com o projeto de sucedê-lo na prefeitura. Eu nunca exigi de ninguém, e muito menos dele, ser o candidato a prefeito. Isso a gente tem que construir, não basta vontade. Mas eu não fui de moleque!, contou, seguindo com o relato.

Fruet lembrou que em 2006, enquanto ele e a maioria do PSDB apoiaram Osmar Dias (PDT) no segundo turno da eleição para o governo do Estado, Beto Richa e seu vice, o hoje candidato a reeleição, Luciano Ducci (PSB) apoiaram Roberto Requião (PMDB). Em 2008, eu deixei de disputar a indicação de vice-prefeito na convenção a pedido do Beto, em função do compromisso que ele tinha com o Ducci, mas sempre lembrando o nosso diálogo visando 2012. Em 2010, ele orientou o PSDB para vetar minha candidatura ao Senado e foi ele que me chamou na última hora!, reforçou.

Fruet também lembrou do impasse envolvendo sua participação no governo tucano após a eleição de Beto Richa em 2010. Passada a eleição, ele me convidou para participar do governo e eu falei que aceitava. Então, houve uma absoluta indefinição com relação a qual secretaria e qual seria minha participação. E chegou num ponto que eu falei para ele “olha, esse negócio está ficando tão chato que vai ficar ruim para mim, ruim para você e ruim para o Estado ter que arrumar uma secretaria para me acomodar. Então, eu não vou ser secretário de Estado”, disse o candidato, informando que, como compensação, pediu para assumir o diretório estadual do partido, o que também lhe foi negado, mas o governador teria aceitado nomeá-lo presidente do diretório municipal de Curitiba. Isso foi em novembro de 2010. Em dezembro, ele me reafirmou. A última vez que encontrei o Beto foi em março do ano passado e ele voltou a afirmar. O presidente do partido era o João Cláudio Derosso, presidente da Câmara de Curitiba. E ele e o Luciano Ducci trabalharam para vetar o meu nome na presidência, porque já estavam trabalhando no projeto da sucessão!, contou.

Com todas essas negativas, Fruet disse que tinha duas opções: ou eu parava, e não disputava a eleição, e a maior parte da população, que não acompanha isso, ficaria com uma imagem de covardia, ou de fuga, ou buscava uma alternativa, que foi o que fiz. Eu construí uma aliança que envolve o PV, uma grata revelação, com pessoas muito dedicadas nas demandas contemporâneas da política, e fiz uma aliança com o PT, com o PT de Curitiba, com o aval da Gleisi Hoffmann, dos vereadores da capital e dos deputados da capital. Esta minha aliança não é com mensaleiros e nem é um projeto nacional, é uma aliança local, para mostrar que a gente não faz política de maneira solitária. Visa mostrar que é um projeto político eleitoral forte, com um projeto de governo de consistência!, declarou.

Economia

O candidato, mais uma vez, lamentou o que classificou como exploração do preconceito! a tentativa de dizer que ele mudou de lado, ou que está com os mensaleiros, ou sendo usado pelo PT para conquistar Curitiba. O que está acontecendo em Curitiba não é crítica política, é a campanha mais criminosa, covarde e maldosa pela qual eu já passei. Ela procura explorar o preconceito de que os bárbaros vão tomar a cidade. Mas fico muito tranquilo porque não acharam nada para me desqualificar na minha vida pública e exploram só isso!, disse. A crítica política, eu entendo, poderá até ter uma perda, para aquele eleitor que se identificou comigo naquele trabalho de oposição. Não me arrependo de nada que eu fiz e reafirmo tudo o que fiz. Esta aliança não é para eu ser abduzido. à‰ uma aliança de partidos e pessoas que pensam de forma diferente, mas se convergem a favor de um projeto na capital!, concluiu.

Críticas aos adversários

Se aceita críticas políticas, Fruet também aproveitou a sabatina do Opet para apontar seus diferenciais em relação aos principais adversários. O que me diferencia do Ratinho Júnior (PSC) e do Luciano é que eu sempre tomei atitude!, disse. Qual atitude que o Ratinho tomou no Congresso Nacional nos momentos de crise? Ele se diz independente: quando que ele votou contra o governo? Quando que ele deu um voto em favor da sociedade e do povo que contrariou a posição do governo? Como que ele se posicionou nos julgamentos dos casos do mensalão? Eu levei pau, mas fui lá, assumi posição, fui no Conselho de ética e votei aberto. Vocês sabem como ele votou?!, questionou. Eu voltei de Brasília, ao contrário dele, sem ter concessão de rádio e de televisão. Ele voltou de Brasília com gente nomeada no governo federal. Eu não tenho ninguém. A empresa dele e do pai dele depende de verba do governo federal, eu não dependo. Se tiver que tomar uma posição na prefeitura de Curitiba, ele vai defender quem?!, continuou. E me diferencio profundamente também do Luciano, que está tendo que explicar enriquecimento desproporcional e patrimônio registrado em nome de terceiros. Disso não me acusam. Podem não gostar de mim por causa da posição, por causa do discurso e, se quiserem, até por causa do cabelo, mas não por ter desonrado o voto popular, e isso é muito sério para mim!, concluiu.

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