A história de que as conversas secretas do ex-juiz Sérgio Moro e do procurador Deltan Dallagnol seriam fruto de interceptações criminosas não deverá prosperar. Ao menos é o que sugere corretamente a Folha, nesta terça (11), ao apontar o grupo no aplicativo de mensagens Telegram tinha 18 procuradores, mas só 11 tiveram conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil no último domingo (9).
“Dos três que deixaram a operação, apenas Carlos Fernando dos Santos Lima teve a conversa divulgada. Diogo Castor de Mattos foi apenas citado em um trecho pelo coordenador Deltan Dallagnol”, diz um trecho da matéria do jornalão paulistano.
LEIA TAMBÉM
Bolsonaro aguarda novos vazamentos do Intercept para demitir Moro
Moro e Dallagnol atribuem o vazamento das conversas à “ataques criminosos” e o ex-juiz chegou a comunicar que seu celular fora alvo de supostos hackers. Houve quem duvidasse disso. O ex-senador Roberto Requião (MDB-PR) foi um deles, três dias da reportagem do Intercept:
Já ouviram falar no conto do celular clonado? Um conje utiliza o tel de forma comprometedora, se apavora,e grita preventivamente;”fui clonado,fui clonado”!
Que seja elas?— Roberto Requião (@requiaopmdb) 6 de junho de 2019
Se não houve ação de “hackers” e sim vazamento de conversas por “fonte anônima” do Intercept, isto é, por um dos 18 procuradores, Moro e Deltan teriam comunicado falso crime?
No Caso Moro o Intercept utilizou a mesma régua que a Lava Jato abusou com os petistas: não há privacidade quando está em jogo o interesse público e os agentes são servidores públicos.
Nunca é demais recordar que os artífices da força-tarefa vazaram grampos ilegais da então presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula sob o título do “interesse público” e de que o agente público tem a privacidade relativizada em decorrência do cargo que ocupa.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.