A pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) redesenha a disputa presidencial de 2026, reduz a margem de manobra do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), fortalece o caminho do presidente Lula (PT-SP) e expõe a fragilidade de Ratinho Júnior (PSD-PR), que tenta se afirmar como alternativa moderada na centro-direita. Esse rearranjo se torna ainda mais sensível porque o SBT volta ao centro do jogo, reacendendo um sonho antigo da JBS: assumir o controle da emissora. O Blog do Esmael apurou que a negociação atual é nitroglicerina pura no ambiente político e midiático.
A presença de Flávio Bolsonaro cristaliza a polarização entre Lula e a extrema direita bolsonarista. Tarcísio perde espaço e tende a permanecer em São Paulo, como o Blog já analisou, enquanto cresce um vácuo na centro-direita que dirigentes do Centrão tentam ocupar com uma candidatura moderada. Ratinho Júnior, pela baixa rejeição registrada pela Quaest, entrou nesse radar.
Ocorre que o “timing” partidário pesa contra ele. Interlocutores de peso avaliam que Gilberto Kassab deve manter o PSD independente em 2026. Essa postura preserva sua capacidade de negociar com qualquer governo eleito e confirma o estilo pragmático que marcou sua trajetória. Se Kassab não lançar candidato, Ratinho Júnior terá de migrar para outra sigla, hipótese que inclui até o Novo, que busca reposicionamento nacional.
Essa instabilidade ganha outra camada explosiva quando o tema é comunicação. A ofensiva da JBS sobre o SBT tem história longa e objetivos claros. A emissora, pela capilaridade popular, é peça estratégica na disputa de narrativas. No Paraná, sua afiliada integra o ecossistema político da família de Ratinho Júnior. Uma mudança no controle do canal pode comprometer sua capacidade de disputar o Planalto em condições de visibilidade.
Aqui entra o elemento decisivo: os donos da JBS têm relação histórica mais próxima com Lula. Joesley e Wesley Batista, que controlam o grupo, mantiveram ao longo dos anos interlocução com governos petistas e com setores da economia ligados ao projeto desenvolvimentista do partido. Isso não significa alinhamento automático, mas indica que uma eventual compra do SBT por um grupo que se sente mais confortável com Lula do que com o bolsonarismo teria efeitos diretos sobre o ambiente de mídia em 2026.
O interesse da JBS pela emissora não é novo. Em 2015, como revelou Ricardo Feltrin no UOL, Silvio Santos recusou propostas milionárias para estrelar campanhas da empresa. A JBS ofereceu R$ 35 milhões, depois R$ 50 milhões de cachê, além de outros R$ 50 milhões para investir no SBT. O apresentador rejeitou todas as ofertas, mesmo com sua então apresentadora Ticiana Villas-Boas, esposa de Joesley Batista, em ascensão no canal. O episódio mostra que o grupo tenta, há anos, entrar na radiodifusão com peso político.
Agora, com a polarização reativada e com Flávio Bolsonaro na disputa, o controle do SBT volta a ser ativo estratégico. Uma eventual aquisição pela JBS reconfigura alianças, redefine o fluxo de comunicação popular e pressiona diretamente a viabilidade de Ratinho Júnior, que pode ver sua principal vitrine midiática sair do controle familiar e cair nas mãos de um grupo que historicamente transitou melhor com Lula.
O tabuleiro eleitoral se move. Flávio força polarização. Tarcísio recua. Kassab se preserva. Ratinho Júnior procura abrigo. E o SBT, sonho antigo da JBS, volta ao centro do jogo com peso político ainda maior.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.




