Evangélicos do PT denunciam em carta perseguição política e abuso de autoridade no País

O Núcleo das Evangélicas e Evangélicos do PT (NEPT) aprovou um documento direcionado ao povo evangélico a respeito dos desafios que representam as eleições municipais de 2020. Eles se reuniram online nos dias 4 e 5 de setembro em seu II Encontro Nacional.

Na carta, o NEPT alerta para crise social e econômica que atinge o Brasil sob o desgoverno de Jair Bolsonaro e a falta de ação governamental diante da pandemia da Covid-19 que já matou 130 mil pessoas no país, além dos crimes ambientais, da violência, da recessão e da fome que ameaça os brasileiros mais vulneráveis.

O documento também chama atenção da população para “que busque discernimento e informações em fontes verdadeiras acerca da realidade política nacional, não dando atenção às falsas notícias que se multiplicam pelas redes sociais”. E aborda também a perseguição política praticada pelo atual governo.

“O retorno da perseguição política através de dossiês suspeitos com visível abuso de autoridade. Além da incapacidade de governar com o enfraquecimento da nação, crise diplomática e perda de soberania. O Brasil é vergonha no cenário internacional”, denuncia um trecho do documento.

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Economia

Abaixo, a íntegra do documento do NEPT para o povo evangélico.

II ENCONTRO NACIONAL DO NÚCLEO DE EVANGÉLICAS E EVANGÉLICOS DO PARTIDO DOS TRABALHADORES

CARTA AO POVO EVANGÉLICO DIANTE DOS DESAFIOS DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2020

“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.” Gálatas 5:1

Nós, militantes do Núcleo de Evangélicas e Evangélicos do Partido dos Trabalhadores (PT), representantes de várias unidades da federação reunidos nos dias 4 e 5 de setembro de 2020. Somos filiadas(os) e simpatizantes do Partido dos Trabalhadores (PT) evangélicos e protestantes das diversas denominações, comprometidos com a construção do projeto democrático popular, fortalecimentos da democracia e a busca da justiça para todos.

Que, diante do lamentável cenário e considerando que o Governo Bolsonaro não apresenta qualquer proposta de solução, diante do agravamento desta crise econômica-social e para a pós pandemia, consideramos de fundamental importância pronunciarmos às brasileiras e brasileiros, à luz do Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo.

O Brasil encontra-se mergulhado numa crise sanitária em decorrência da pandemia do Covid-19 que já contagiou mais de 4 milhões de pessoas levando a óbito mais de 130 mil, fruto do descaso das autoridades públicas que debocham do povo.

Em caso inédito mais de 200 mulheres morreram durante a gravidez e no período pós parto pela contaminação pelo Covid-19, mais da metade, faleceram por não ter assistência e tratamento adequados. Os dados dizem que, as mulheres negras, mais que o dobro das brancas, são as mais vulneráveis. O Brasil lidera as estatísticas de viúvas e órfãos em decorrência da pandemia. Somos desafiados a missão bíblica de “cuidar das viúvas e dos órfãos” (Tiago 1:27).

Diante deste cenário calamitoso, expressamos a nossa imensa solidariedade e nos irmanamos ao sofrimento de milhões de famílias enlutadas. Rendemos Graças a Deus pelos profissionais da saúde, enfermagem, cientistas e pesquisadores, que se dedicam incansavelmente a busca de soluções, cuidando da vida nesta tragédia. Por reconhecer o dom e cuidado divinos. E, repudiamos aqueles que em nome de uma fé atrasada, demonizam e desprestigiam as ciências e o conhecimento.

Em decorrência, a crise econômica, o nosso país mergulha em uma recessão, agravando os índices de desemprego (41 milhões), pobreza (70%), fome e sofrimento as populações vulneráveis do campo e das cidades. Pior, opta em pagar os juros da dívida pública com as reservas econômicas dos governos, Lula e Dilma, privilegiando o sistema financeiro, trocando a vida do povo pelo lucro dos bancos.

E uma profunda crise política, da democracia e desrespeito à constituição. Com denúncias e violações gravíssimas dos direitos humanos, sociais e ambientais. Com invasões violentas, apoiadas pelo estado de territórios consolidados das populações indígenas, quilombolas, sem-terra e destruição do meio ambiente. E o aumento das agressões e mortes das populações jovens, negras, LGBTQI+, sem teto das periferias das cidades.

Somados, a perda de direitos das trabalhadoras e trabalhadores, o crescimento da informalidade e o abandono das políticas públicas como: saúde, educação, moradia, transporte e lazer que são universais e conquistados ao longo de décadas de lutas.

O retorno da perseguição política através de dossiês suspeitos com visível abuso de autoridade. Além da incapacidade de governar com o enfraquecimento da nação, crise diplomática e perda de soberania. O Brasil é vergonha no cenário internacional!

Ainda assim, intituladas autoridades eclesiásticas, com grande poder político, econômico e de comunicação, difundem mentiras, ódio e preconceito em nome da população evangélica. Aliam-se ao atraso, a este governo, aos opressores do povo, as elites econômicas-financeiras, ruralistas e milicianos em benefício próprio.

É preocupante as crescentes suspeitas e denúncias de crimes financeiros, assassinato, pedofilia no meio político-evangélico de ferrenhos defensores deste governo e seu presidente. Mercadejam e falsificam a palavra. Esses não nos representam, envergonham!

Além das denúncias e escândalos que envolvem a família do atual presidente da república e parte da cúpula do seu governo de corrupção, desvio de recursos públicos, atrelamento as milícias, como nos casos de Fabrício Queiroz, Marielle Franco e Anderson Gomes.

Sabemos que “o pai de toda mentira é Satanás” (João 4:44). Os “lobos vestidos de cordeiro” (Mateus 7:15-20) infiltrados nas casas de adoração enganam o povo e promovem todo tipo de ódio e intolerância. Por causa desses falsos profetas o povo evangélico carrega a pecha de ter-se aliado as forças fascistas que promovem o ódio e a morte em nosso país.

Assim, conclamamos à população que busque discernimento e informações em fontes verdadeiras acerca da realidade política nacional, não dando atenção às falsas notícias que se multiplicam pelas redes sociais.

Denunciem às autoridades competentes, o abuso do poder religioso, o uso dos púlpitos com fins eleitorais e a manipulação de informações de líderes religiosos. Diante do caos em que vivemos, Jesus nos alerta e nos chama ao discernimento: “Cuidado, que ninguém os engane. Pois, muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Messias!’ e enganarão a muitos” (Mateus 24:4-5).

Pois, eles dizem que defendem a família, mas vivem em relações desprezíveis e por vezes, criminosas. Eles dizem que defendem a vida, mas são a favor da necropolítica, a violência e o direito de o estado matar, como demonstram os gestos de armas dentro dos templos de adoração. Mas a bíblia diz: “Os céus e à terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua semente.” (Deuteronômio 30:19)

Por isso, reafirmamos. A única autoridade que reconhecemos e deve governar a vida do crente, baseia-se na inspiração e livre exame da Palavra de Deus, mediada pela vida, prática e fé em Jesus Cristo, ao qual rendemos todas à Glórias e Nele firmamos às nossas esperanças na busca de um mundo de justiça, paz e alegria no Espirito.

O Povo evangélico é temente, solidário, amoroso, pacifico que labuta e dobra os joelhos, todos os dias em orações pela vida, saúde, proteção e para que, as autoridades trabalharem pelo bem-estar comum e o crescimento do nosso país.

O povo evangélico é trabalhador, vive humildemente, acorda cedo em busca do sustento da família, viajam em ônibus lotados expostos ao contágio da doença tornando-se parte da população vulnerável, igual ao povo de Israel no Egito, o crente busca a libertação de todo sofrimento e exploração.

As eleições municipais de 2020, em novembro deste ano é uma excelente oportunidade para começar as mudanças dos rumos da política em nosso país, através do voto, na escolha de Prefeitas(os) e Vereadoras(es) comprometidos com a maioria da população na execução de políticas sociais, crescimento e distribuição de renda nas cidades.

Milhares de irmãs e irmãos evangélicos, petistas, aceitaram esse grande desafio e apresentaram suas candidaturas em todo o país pelo Partido dos Trabalhadores. O PT respeita os valores cristãos, a vida, a liberdade, a ordem e os direitos inalienáveis de cada cidadão, independentemente de crença, raça ou escolhas pessoais. Defende a democracia, onde, a liberdade de opinião e busca de soluções aos problemas comuns, respeitando a diversidade e pluralidade da nossa sociedade.

Entendemos que nesta disputa eleitoral é fundamental, derrotar o fascismo e o bolsonarismo; retomar as liberdades democráticas e religiosas contra toda a intolerância e preconceito; defender o estado e a igreja, imparciais, autônomas, separadas; defender os direitos do povo trabalhador; e defender a construção de uma sociedade economicamente justa, igualitária, ambientalmente sustentável, contra toda e qualquer injustiça e exclusão.

Neste sentido, convocamos o povo evangélico a se unir e disputar os rumos da sociedade, em favor de um projeto de nação que cuide da vida do povo, com especial atenção da saúde, emprego, alimentação, renda, direitos sociais no pós-pandemia nos municípios brasileiros.

Setembro de 2020

Na Paz e Bençãos de Nosso Senhor Jesus Cristo,

Militantes do Núcleo das Evangélicas e Evangélicos do PT (NEPT)

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Jilmar Tatto (PT): candidato a prefeito de São Paulo | Eleições 2020 SP

Jilmar Tatto, 55 anos, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 1981, é candidato a prefeito de São Paulo. Ele é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP. É Mestre em Ciências pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – Poli USP. Possui graduação em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Moema (1987) e curso de Direito (incompleto) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Tatto foi eleito presidente do diretório municipal paulistano, em 1995. Atualmente é secretário nacional de comunicação do PT.

A infância de Jilmar Tatto se deu basicamente numa realidade social precária.

Em São Paulo a partir de em 1978, Jilmar iniciou sua participação em encontros de grupos de jovens nas Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica, principalmente na periferia da Capital.

Se tornou um dos coordenadores da Pastoral da Juventude na Região de Santo Amaro, atualmente Diocese, e, ao mesmo tempo, tomou contato com a realidade socioeconômica e se engajou em diversos movimentos por melhores condições de vida para a população.

Jilmar Tatto participou ativamente dos movimentos contra a carestia, por moradia, por transporte e educação de qualidade e atendimento melhor na saúde. Ajudou a organizar movimentos de solidariedade ao povo do Araguaia e a Dom Pedro Casaldáliga, bispo daquela Prelazia; aos agricultores sem-terra de Ronda Alta – RS e colaborou na formação de comitês de apoio aos trabalhadores em greve no ABC Paulista e do Comitê Santo Dias da Silva (operário assassinado em 1979).

Tudo isso fez despertar a curiosidade no campo da política que vinha passando por forte processo de mudanças, que levou ao fim da ditadura, em 1985.

No começo dos anos 1980, Jilmar Tatto ajudou na formação e consolidação do Partido dos Trabalhadores, recém-fundado. Com seu trabalho de base fundou o núcleo de Jardim das Imbuias – Capela do Socorro – São Paulo.

Em meados dos anos 80, tornou-se membro da direção do PT da Capela do Socorro, depois presidente do PT na Capital paulista, membro da direção executiva nacional do Partido e, atualmente, vice-presidente estadual do PT de SP.

Conciliou sua militância política com os estudos. No movimento estudantil fez parte da União Estadual de Estudantes (UEE-SP) e participou de diversos congressos da União Nacional de Estudantes (UNE).

Eleito deputado estadual em 1998, Jilmar Tatto ocupou cargos no secretariado da prefeitura de São Paulo, na administração petista nesta cidade (2001/2004). Nesse período, ele colocou em funcionamento o novo sistema de transporte na capital paulista, quando implantou inovações como o Bilhete Único e a primeira licitação pública para empresas de ônibus operarem o sistema.

Eleito deputado federal pelo PT em 2006, Jilmar Tatto ajudou a encaminhar e aprovar diversas iniciativas do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso. Reeleito em 2010, com mais de 250 mil votos, foi líder da bancada do PT.

Em nova administração petista (2013-2016), na gestão Fernando Haddad, ele foi convidado a assumir a Secretaria de Transportes de São Paulo, com a missão de implantar 150 km de novos corredores e 200 km de faixas exclusivas para ônibus, 400 km de ciclovias, instalação modernos sistemas de monitoramento de vias , além do Bilhete Único Mensal.

É irmão dos também políticos Arselino, Ênio, Nilto e Jair Tatto, com reduto eleitoral na Capela do Socorro, zona Sul da cidade de São Paulo.

Militante fundador do Partido dos Trabalhadores, Jilmar traz em sua trajetória política a militância efetiva nos movimentos sociais e estudantil, participação em todos os níveis de direção partidária (zonal, municipal, estadual e nacional), fez parte da equipe de governo nas gestões petistas na Capital paulista (2001-2004 e 2013-2016) e foi eleito deputado estadual, em 1998, deputado federal em 2006 e reeleito em 2010.

Jilmar Tatto foi o nome escolhido pelo PT para disputar a Prefeitura de São Paulo.

Em votação realizada 15 de maio, Tatto ganhou a disputa pela indicação por 15 votos do deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. Foram 312 votos de Tatto contra 297 de Padilha e um voto branco. A votação foi realizada por meio digital pela primeira vez devido à pandemia do novo coronavírus.