Uma repentina avalanche de críticas da esquerda varreu este fim de semana o historiador Leandro Karnal, que num jantar regado a vinho anunciou “projetos comuns” com o juiz Sérgio Moro.
Karnal nunca se disse de esquerda ou defendeu o socialismo — até onde eu sei.
Sempre o vi competente professor de frases feitas, quase de autoajuda, cuja safra faz sucesso entre os que têm preguiça intelectual.
A bronca efetiva não é com Karnal, mas com a parcialidade do juiz Sérgio Moro alinhado à extrema-direita.
Ao se juntarem para “projetos comuns” os seguidores de Karnal sentiram-se apunhalados pelas costas como se ele também tivesse tomado partido das arbitrariedades no âmbito da Lava Jato.
Karnal não suportou o patrulhamento ideológico e apagou o post de suas redes sociais. Perdeu vários fãs, que se sentiram “traídos” e “decepcionados” com a parceira com Moro.
“Dia intenso em Curitiba. Encerro com um jantar com dois bons amigos: juiz Furlan e juiz Sergio Moro. Talvez não faça sentido para alguns. O mundo não é linear. A noite e os vinhos foram ótimos. Amo ouvir gente inteligente. Discutimos possibilidades de projetos em comum”, havia postado o historiador.
Lembrando o polêmico dramaturgo Nelson Rodrigues, quem se decepciona é a donzela que transa pela primeira vez já pensando no casamento.
Portanto, que sirva esse caso de lição para todos: não há tábua de salvação sem efetiva luta popular contra o golpe e o Estado de exceção em vigor no país.
Eu absolvo Karnal.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.