Esquerda tentou caracterizar cidadão normal como exceção, diz presidente do BB

Depois de o Banco do Brasil ter retirado do ar um vídeo de campanha voltada ao público jovem por determinação de Jair Bolsonaro (PSL), o presidente do banco estatal, Rubem Novaes, disse à BBC News Brasil neste sábado (27) que a esquerda tentou empoderar minorias e caracterizar o cidadão “normal” como exceção.

“Durante décadas, a esquerda brasileira deflagrou uma guerra cultural tentando confrontar pobres e ricos, negros e brancos, mulheres e homens, homo e heterossexuais etc, etc. O empoderamento de minorias era o instrumento acionado em diversas manifestações culturais: novelas, filmes, exposições de arte etc., onde se procurava caracterizar o cidadão normal como a exceção e a exceção como regra”, disse o presidente do BB.

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Novaes disse ainda que nas eleições de 2018 “diferentes visões do mundo se confrontaram e um povo majoritariamente conservador fez uma clara opção no sentido de rejeitar a sociedade alternativa que os meios de comunicação procuravam nos impor”.

Reportagem do jornal O Globo revelou nesta quinta-feira (25) que, por ordem de Bolsonaro, o Banco do Brasil retirou do ar vídeo de uma campanha voltada ao público jovem.

Com 30 segundos, o vídeo estimula a abertura de contas do Banco do Brasil por meio de aplicativo. A peça mostra 14 pessoas, com metade dos atores negros. Jovens com diversos estilos de roupas e cortes de cabelo são retratados fazendo selfies com o celular.

Economia

Por causa da propaganda, Delano Valentim, diretor de Marketing e Comunicação do banco, foi destituído do cargo.

As declarações de Novaes mostram que ele está alinhado com Bolsonaro, que defendeu o veto à propaganda do Banco do Brasil e disse que a população quer respeito à família.

“Quem indica e nomeia presidente do BB, não sou eu? Não preciso falar mais nada então. A linha mudou, a massa quer respeito à família, ninguém quer perseguir minoria nenhuma. E nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira. Não é a minha linha. vocês sabem que não é minha linha”, afirmou Bolsonaro.

O Palácio do Planalto chegou a determinar na quarta-feira (24) que as campanhas publicitárias das empresas estatais deveriam passar pelo crivo da Secretaria de Comunicação Social (Secom).

A decisão foi comunicada por e-mail às equipes de comunicação das estatais, em uma mensagem assinada por Glen Lopes Valente, secretário de publicidade e promoção da Secom. O texto informava inclusive que essa previsão seria incorporada em uma instrução normativa.

Em seguida, no entanto, o governo reconheceu que a medida iria ferir a Lei das Estatais e recuou, ao dizer que não cabe à administração direta intervir no conteúdo da publicidade estritamente mercadológica das estatais.

Com informações do G1 e BBC News Brasil