Em nota, Dilma rechaça declarações de general Villas Bôas sobre “estado de defesa”

Dilma Em nota divulgada à imprensa neste domingo (15)|, a ex-presidenta Dilma Rousseff rechaçou declarações do general Eduardo Villas Bôas sobre suposta tentativa de convocação de “estado de defesa” durante seu processo de impeachment. Ela afirmou que “os golpistas são aqueles que apoiaram a nova forma de golpe, ou seja, um processo de impeachment, sem crime de responsabilidade e, o meu consequente afastamento da Presidência da República”.

Villas Bôas, ex-comandante do Exército no governo Dilma e no do golpista Michel Temer e atualmente com cargo de “assessor especial” do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, disse, em entrevista publicada pelo jornal O Globo, que o Brasil teria corrido risco institucional durante o impeachment de Dilma Rousseff.

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O militar, sem apresentar provas, disse que a ex-presidenta e dois parlamentares de esquerda chegaram a cogitar a decretação de um “estado de defesa”, quando o direito de reunião e de comunicação fica restrito por 30 dias. Dilma negou a acusação e disse que Villas Boas precisava se explicar. Ela desafiou o general a dar os nomes dos supostos parlamentares que sondaram sobre o pretenso estado de emergência.

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“Jamais pensei, avaliei, considerei, fui sondada para qualquer possibilidade ou alternativa, mesmo que remota, a esse tipo intervenção antidemocrática”, disse Dilma.

Leia a íntegra da nota:

NOTA À IMPRENSA

Sobre as declarações do General Villas Boas

As declarações do General Villas Bôas, em entrevista ao jornal O Globo, exigem dele uma atitude responsável e, para tanto, é necessário que:

Apresente os nomes dos “dois parlamentares de partidos de esquerda” que, segundo ele, “procuraram a assessoria parlamentar do Exército para sondar como receberíamos (o Exército sic) a decretação de um Estado de Emergência”. Se isso ocorreu é imprescindível o nome dos deputados pois que eles devem esclarecimentos ao País. Caso contrário, a responsabilidade cabe ao general e à sua assessoria parlamentar.

Explique por que, se ficou preocupado, não informou as autoridades superiores, Ministro da Defesa e Presidente da República — Comandante Supremo das Forças Armadas — sobre o fato de dois integrantes do Legislativo sondarem a assessoria parlamentar do Exército sobre um ato contra a democracia, uma vez que contrário ao direito de livre manifestação? Por que não buscou esclarecer se a iniciativa dos deputados contava com respaldo da Comandante das Forças Armadas? Não respeitou a hierarquia?

A intervenção militar contra a democracia é um golpe. A minha vida é prova do meu repúdio político e repulsa pessoal a essa etapa da história do País. Jamais pensei, avaliei, considerei, fui sondada para qualquer possibilidade ou alternativa, mesmo que remota, a esse tipo intervenção antidemocrática.

Os golpistas são aqueles que apoiaram a nova forma de golpe, ou seja, um processo de impeachment, sem crime de responsabilidade e, o meu consequente afastamento da Presidência da República.

O Senhor General deve à República, a bem do Estado Democrático de Direito, esses esclarecimentos.

Dilma Rousseff