A Folha de S. Paulo, em editorial desta terça-feira (8), se diz contra o “beijo da morte” dado pela PGR na Lava Jato, mas, pelo visto, deseja um “beijo grego” na força-tarefa que era coordenada pelo procurador Deltan Dallagnol.
Para o jornal paulistano, que na verdade é um banco, a Lava Jato tem que continuar como um braço político para atuar contra o PT, a volta de Lula à política e até contra o presidente Jair Bolsonaro.
Na prática, Lava Jato “boa” é aquela que funciona como “braço armado” da velha mídia corporativa –cheio de interesses econômicos e bastante associada aos dos bancos e especuladores.
Na mesma pegada, O Globo acusa o procurador-geral da República, Augusto Aras, de transformar o suposto desmonte da Lava Jato numa causa política e pessoal. Segundo o jornal dos Marinho, o PGR capitaneia uma estratégia de fragilização e retrocesso das ações anticorrupção. [Pausas para risos.]
O editorial do Globo não fala em nenhum momento sobre a delação de Dario Messer, o ‘doleiro dos doleiros’, que disse à Lava Jato do Rio de Janeiro que entregava grandes somas em dólar aos donos do grupo.
O editorial do Globo prossegue em ataques ao PGR dizendo que ele pretende dar o “beijo da morte” na força-tarefa cujo trabalho, segundo o jornal dos Marinho, é essencial ao combate à corrupção.
Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro acusa Globo e Folha de darem um “beijo grego” na força-tarefa Lava Jato.
O inquilino do Palácio do Planalto recomendou a Aras, caso haja prorrogação da força-tarefa Lava Jato no Paraná e noutras praças, que os procuradores comecem investigando as relações entre Messer e a Globo. Há evidências de evasão de divisas nessa relação entre o ‘doleiro dos doleiros’ e os donos da emissora de TV.
O Globo, assim como a Folha, não vê motivos para o fim da Lava Jato –desde que a força-tarefa se ocupe de seus adversários políticos e ideológicos, preservando os interesses econômicos da velha mídia corporativa associada ao capital vadio.
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O presidente fez um um não pronunciamento pensando na caserna. Ele repetiu algum texto da extinta disciplina de “Moral e Cívica” da educação básica, coisa dos anos da Guerra Fria [quando ainda existia a União Soviética].
O presidente defendeu a ditadura militar, nos anos 60, quando, segundo ele, a “sombra do comunismo” ameaçou.
Bolsonaro disse que o País era tomado pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada.
“O sangue brasileiro sempre foi derramado pela liberdade”, discursou.
Resumo da ópera: o não pronunciamento de Jair Bolsonaro foi um fiasco se comparado ao do ex-presidente Lula.
Assista ao vídeo:
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.