Em busca de trégua com a velha mídia, Bolsonaro sinaliza com a privatização da Petrobras

Primeiro é importante o leitor ter conhecimento que os veículos de comunicação, que compõem a velha mídia corporativa, pertencem a bancos ou fundos de investimentos. Logo, eles são adoradores do Deus mercado e das privatizações de ativos públicos.

Esclarecido isso, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (14/10) que tem “vontade” de privatizar a Petrobras. A sinalização se deu hoje durante entrevista à rádio evangélica Novas de Paz, de Pernambuco, em meio a críticas aos aumentos abusivos nos preços dos combustíveis.

Com a declaração de Bolsonaro, de privatizar tudo, ele esvazia as pré-candidaturas de terceira via e a amplia a polarização com a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) –líder em todas as pesquisas de intenção de votos.

Bolsonaro disse na entrevista que não pode direcionar o preço do combustível por ser crime de responsabilidade, mas de levar “a culpa” pelo aumento dos valores.

“Já tenho vontade de privatizar a Petrobras, tenho vontade. Vou ver com a equipe da economia o que a gente pode fazer”, ameaçou Bolsonaro.

Os preços dos combustíveis dispararam porque o governo Jair Bolsonaro manteve a política de paridade adotada pela estatal de petróleo desde a época de Michel Temer (MDB), em 2016. Nesse sistema, os derivados são aumentados de acordo com a variação do dólar e da cotação internacional de petróleo. A conta não fecha para os brasileiros porque os salários são em real enquanto para abastecer o carro ou comprar o gás de cozinha se paga em moeda americana.

Economia

O presidente Jair Bolsonaro mentiu na entrevista ao dizer que não podia controlar os preços dos combustíveis.

“Eu não posso, não é controlar, eu não posso melhor direcionar o preço do combustível. Mas quando aumenta a culpa é minha. Aumenta o gás de cozinha, a culpa é minha. Apesar de ter zerado o imposto federal, coisa que não acontece aí por parte dos governadores”, disse, tentando eximir-se de responsabilidade.

Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), lutam para enganar os consumidores e a opinião pública –ao mesmo tempo que sinalizam com os barões da velha mídia corporativa e os banqueiros. Eles aprovaram uma lei, na Câmara, que altera a regra sobre o ICMS de combustíveis e prevê que o tributo seja aplicado sobre o valor médio dos últimos dois anos.

Ocorre que eles mantiveram intactos os interesses de especuladores, que são os parasitas que ganham com a crise de preços nos combustíveis.

A variação cambial, além de beneficiar os agentes parasitários na Petrobras, também vitamina os rendimentos do ministro da Economia, Paulo Guedes, em paraísos fiscais. Segundo reportagem do Pandora Papers, Guedes tem US$ 9,5 bilhões escondidos nas Ilhas Virgens Britânicas –cerca de R$ 53 milhões– quando a legislação proíbe que autoridades monetárias possuam offshores no estrangeiro.

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