Eleição 2020: PCdoB desiste de candidatura própria no Rio para apoiar o PT

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) desistiu de lançar a deputada estadual Enfermeira Rejane como candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro. O partido vai apoiar a candidatura da deputada federal Benedita da Silva, do PT.

Em carta enviada à militância do PCdoB nesta terça-feira (15), Rejane disse que a retirada de sua candidatura ocorreu por causa de uma “nova orientação” da direção nacional da legenda.

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O PCdoB do Rio fará sua convenção nesta quarta-feira (16) para confirmar o apoio ao PT.

Economia

Leia a íntegra da carta de Rejane:

CARTA AO PCdoB

Dirijo-me à militância do Partido Comunista do Brasil , à Sociedade Carioca, e a parte significativa da minha categoria profissional que tanto me apoia e a qual dedico toda minha vida, para agradecer o entusiasmo e o carinho com que receberam a indicação de minha pré candidatura à prefeita do Rio. Nesses dois últimos meses, quando o partido me convocou para, ainda que numa situação bastante desvantajosa, assumir a vacância do nome majoritário para prefeitura do Rio, em nenhum momento vacilei, tamanha era a importancia do desafio.

Na oportunidade colocar meu nome à disposição do partido, era ter a perspectiva da construção coletiva de um projeto político de fortalecimento e avanço do PCdoB no Rio. Com amplo engajamento da militância, e que iria para além do processo eleitoral, levar nossas análises da política nacional e local a um grande número de pessoas. Iria também reforçar o processo de filiações para fazer crescer de maneira real e consistente nossa participação na política fluminense, em especial na capital, onde há tempos não conquistamos um mandato de vereador.

Sabemos que recentemente, na esperança de eleger uma “nova política”, os eleitores do Rio foram enganados e apostaram num governador que se apresentava inicialmente como aquele que veio para acabar com a corrupção. Depois de eleito o que o governador queria era “mirar na cabecinha” da população das comunidades e favelas. Agora deve sofrer um impeachment por ter se comportado de forma oposta a suas promessas.

Mas, antes, em 2016, também os cariocas apostaram num prefeito que no lugar de cuidar das pessoas como prometera, demitiu 1400 trabalhadores da saúde para ocupar essas vagas com “guardiões” para calar as denúncias da população e da imprensa. Um prefeito que trabalhou 4 anos para “evangelizar” a política municipal, incentivar o preconceito religioso e destruir as festas populares, em especial o Carnaval que é o grande motor econômico da cidade, além de ser reconhecido como o maior espetáculo da Terra!

Esses são os inimigos do povo trabalhador a serem derrotados nesse momento, e por esse motivo aceitei a convocação, sabendo que era a hora de enfrentar com toda nossa firmeza política o fascismo miliciano em nossa Capital e Estado, até porque estamos comprometidos em derrotar esses falsos governantes que preferem a política do ódio e seguem destruindo o Estado e a cidade que os cariocas tanto amam.

Partimos de uma avaliação de que, dado o difícil momento por que passam nosso estado e cidade, com políticos de todas as esferas de poder e diferentes partidos presos, denunciados ou envolvidos em escândalos diários de corrupção e fraudes, em especial em uma área tão sensível como a saúde, aliado ao declínio econômico e financeiro pelo qual já vinha passando, e se aprofundou com as políticas econômicas excludentes dos governos Temer e Bolsonaro, agravadas ainda mais com a chegada da pandemia, essa seria uma ótima oportunidade para colocarmos minha trajetória de ética política, de lutas na saúde, na gestão sindical e do Conselho Regional de Enfermagem e nos dois mandatos de deputada estadual, a serviço da construção de uma proposta de avanço e credibilidade na política do Rio no enfrentamento ao fascismo e à ultra direita que tomou de assalto a política brasileira.

Dentro dessa perspectiva, assumi um compromisso com nossa militância, em especial nossa “corajosa nominata” de trabalhar incansavelmente pela ampla divulgação e fortalecimento de nossos candidatos, cujas dificuldades são bastante conhecidas por todos os membros do partido.

Entretanto, processos outros que se colocam para o PCdoB a nível nacional nos trazem uma nova orientação, que em muito difere da missão para a qual me disponibilizei, alterando o rumo da construção política na capital, que ganha nova conformação num processo de aliança e de retirada do protagonismo do partido na disputa pela Prefeitura do Rio.

Diferente de qualquer outro partido, o PCdoB é pautado pelo centralismo democrático. A premissa desse método é que nossos quadros e militantes têm “liberdade de discussão e unidade total na ação” o que não significa de modo algum um pensamento uniforme. Ao contrário, somos mulheres e homens que estão compromissados em toda sua vida com um olhar nacional sobre os interesses do povo, em cada canto do Brasil.

Isso posto, acato a decisão de meu partido de retirar minha candidatura à prefeita do RIO cidade que está gravada no meu coração e mente e é parte de minha identidade.

Sigo em meu mandato defendendo toda a classe trabalhadora, nosso Estado e cada município onde vive nosso povo. Trabalharei dia e noite para que o Estado do Rio de Janeiro volte a ser um Estado onde as condições sociais, a dignidade humana e a vida do nosso povo seja a prioridade dos governantes.

Deputada Estadual-RJ Enfermeira Rejane