Eduardo Leite assume que mantém secretários bolsonarista em seu governo no Rio Grande do Sul

Governador gaúcho sonha com a vice de Bolsonaro se vencer as prévias no PSDB, diz adversários no ninho tucano

O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) assumiu, em entrevista à Folha, que mantém em seu governo secretários alinhados com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Acho que são menos agora. A gente busca fazer a composição diante da escolha que a sociedade fez. Política é a arte de convivência. Eu governo para quem votou e não votou”, admitiu.

Embora Leite jure de pés juntos que não deseja ser vice na chapa Bolsonaro, seus adversários no ninho tucano afirmam que esse é o sonho do tucano gaúcho.

Os opositores do governador do Rio Grande do Sul recordam da negação na psicologia freudiana segunda qual a negação é um mecanismo de defesa que, basicamente, funda-se na recusa de reconhecer que um evento ocorreu ou está próximo a acontecer.

O governador Eduardo Leite, que concorre nas prévias do PSDB no próximo domingo (21/11), também admitiu que pediu ao colega de São Paulo, João Doria, seu adversário na disputa interna do partido, para adiar o início da vacinação contra o coronavírus –o que seria uma tragédia sanitária no País.

O episódio ocorreu 40 minutos antes do governador de São Paulo dar início à vacinação no estado, dia 17 de janeiro, quando a enfermeira Mônica Calazans recebeu a primeira dose da Coronavac, imunizante fabricado pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

Economia

À Folha, Leite ainda assumiu que telefonou a Doria a pedido do ministro Luiz Eduardo Ramos, então secretário de Governo, para ajustar a vacinação à campanha nacional que sequer existia à época.

“Houve uma conversa nessa direção, não foi um pedido de intervenção, mas um pedido de reflexão. Talvez tivesse sido positivo ao País que se fizesse um esforço de coordenação e engajamento, já que era uma questão nacional. Mas é um episódio superado”, concluiu.

As prévias no PSDB serão realizadas no domingo. Três candidatos –João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio– disputam o voto de cerca de 30 mil filiados no partido, que vai escolher o candidato a presidente em 2022.