‘É a educação, Ratinho’, diz Enio Verri

O deputado Enio Verri (PT-PR) denuncia neste 15 de outubro, Dia do Professor, a deseducação de Ratinho.

“É a educação, Ratinho”, ensina ao fazer trocadilho com a célebre frase de James Carville, o ex-estrategista de Bill Clinton segundo qual “é a economia, estúpido”.

Segundo o articulista, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD) é caixa de ressonância do deletério governo Bolsonaro (PSL).

“Professores não ficam doentes apenas pela carga de trabalho brutal e os constantes aviltamentos”, escreve o parlamentar petista.

É a educação, governador

Enio Verri*

Economia

Hoje seria o dia de comemorar a existência de uma das mais belas e importantes profissões do mundo, de parabenizar e homenagear o profissional que forma todos os demais profissionais, o professor. Porém, infelizmente, não há muito que comemorar, nos níveis federal e estadual, a não ser a capacidade de resistência, vigilância e de mobilização da categoria. O governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior é caixa de ressonância do deletério governo Bolsonaro. A Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) aprovou projeto de lei complementar, de autoria do governo do estado, que extingue as licenças especiais que os servidores públicos têm, de três meses, a cada 10 anos de serviços prestados sem faltas. Desde os últimos dois governos, os servidores públicos do Paraná foram impedidos de se licenciarem. O que aconteceu foi o aumento do número de servidores doentes , principalmente entre os policiais e professores. De Richa a Ratinho, passando por Borgheti, foram eleitos para atender às demandas da elite e arrochar a classe trabalhadora.

Quando se pergunta a um jovem que profissão quer seguir, a última mencionada é a carreira de professor. Todos têm um ou mais professor que admira e tem saudades, mas raramente alguém quer seguir os passos do mestre, de viver em um país onde o professor é profundamente desvalorizado. Cerca de 50% dos professores não recomendam a profissão. Como se não bastasse a crueldade da reforma da Previdência, o governador vai retirar a licença prêmio. A Nova Previdência fará as professoras trabalharem mais 10 anos, os professores, mais cinco, ambos com 30 e não mais 25 anos de contribuição. Uma profissão extremamente desgastante e extenuante é aviltada por um governo passageiro que quer amealhar dinheiro para o mercado financeiro. Os números das bolsas de valores são mais importantes que a Educação. Um estudo com 1021 professores da rede pública de Educação do Paraná, realizado por quatro pesquisadores do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Paraná (IFPR), identificou que, 75% têm distúrbios psíquicos leves; 100% estão com vários níveis de ansiedade; 25% possuem distrofia, quase 66% fazem uso de algum medicamento, sendo que, mais de 30% consomem psicotrópicos.

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Professores não ficam doentes apenas pela carga de trabalho brutal e os constantes aviltamentos. A educação, para administradores como Ratinho, não passa de mais uma contabilidade. Os professores não sofrem apenas pelo que lhes atinge diretamente, como pessoa, mas pelo que lhes atinge, também, diretamente, enquanto profissionais formadores. Professores relatam a angústia da consciência de não ter como oferecer melhores condições de formação e que seus educandos estarão mais vulneráveis em um possível processo de aprofundamento dos estudos para ingressar no mercado de trabalho com as capacitações necessárias para encontrar o seu espaço. Sim, os professores se angustiam com o futuro de seus estudantes. Incompreensível para banqueiros.

O espaço, aqui, poderia ser usado para enaltecer a construção de escolas, a contratação e a formação de professores, ou relatar o desenvolvimento educacional do estudante paranaense. Porém, é triste constatar que o governo não tem escrúpulos de conduzir o estado a condições medievais de trabalho e esperar que isso trará avanços acadêmicos e científicos para o estado. Pelo contrário, a proposta apenas dirime qualquer dúvida quanto ao tipo de governo que é o de Júnior, plutocrata, que sucateia a Educação porque não tem o menor interesse em ter o Paraná como um estado forte, politizado, crítico, tecnologicamente avançado e mais justo. Na primeira votação, o projeto do governo foi aprovado por 39 votos a 12. Somente com os paranaenses interessados em seu estado, ocupando as ruas é que o governo recuará. Sem pressão popular, mais direitos serão arrancados da classe trabalhadora.

*Enio Verri é economista, professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores pelo estado do Paraná.