O Datafolha, em sua pesquisa realizada presencialmente nos dias 29 e 30 de agosto na cidade de São Paulo, traçou um panorama político surpreendente, que lhe rende o apelido de “Moscou” brasileira.
Os resultados revelam uma realidade em que 32% dos paulistanos se declaram petistas, enquanto 15% se identificam como bolsonaristas.
A margem de erro estimada para esta pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
O instituto de pesquisas utilizou uma escala de polarização, que varia de 1 (bolsonarista) a 5 (petista), com 2 representando uma inclinação mais para o bolsonarismo, 4 para o petismo e 3 como um ponto de neutralidade entre esses campos políticos.
Neste contexto, 26% dos entrevistados afirmaram estar neutros, 6% se aproximam do bolsonarismo, e 13% se aproximam do petismo.
Somando-se os grupos mais alinhados ao bolsonarismo e ao petismo, obtemos 21% dos entrevistados que de alguma forma se identificam com as ideias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto 45% veem maior afinidade com o partido de Lula (PT).
Comparando esses resultados com o cenário nacional, onde 29% dos eleitores se dizem petistas e 25% se qualificam como bolsonaristas, fica evidente que São Paulo demonstra uma inclinação maior para a esquerda e para o partido do atual presidente da República.
Essa tendência é coerente com o resultado das eleições de 2022 na capital paulista, onde Lula obteve 54% dos votos válidos em relação a Bolsonaro, e Haddad recebeu 55% da preferência dos eleitores em contraste com Tarcísio de Freitas.
No entanto, em todo o estado de São Paulo, o cenário foi inverso, com o ex-presidente vencendo por 55% a 45% e Tarcísio sendo eleito governador com 55% dos votos.
Esse posicionamento mais à esquerda também pode estar relacionado ao crescimento do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que lidera as pesquisas eleitorais para a Prefeitura de São Paulo em 2024, com 32% das intenções de voto, enquanto Ricardo Nunes (MDB) figura com 24%.
Curiosamente, petistas e bolsonaristas compartilham a visão de que a próxima administração municipal precisa de mudanças.
Nesse sentido, 62% dos apoiadores de Bolsonaro e 84% dos de Lula acreditam que as ações do próximo prefeito devem se diferenciar das do atual.
Ricardo Nunes, que se posiciona na esfera da centro-direita e flerta com Bolsonaro, deixou claro seu desejo de contar com o apoio do ex-presidente.
Por outro lado, Boulos se beneficiou de um acordo com o PT em 2022, desistindo de sua candidatura ao Governo de São Paulo para apoiar Haddad, em troca de apoio para sua candidatura à Prefeitura da capital paulista no próximo ano.
Esses dados refletem um cenário político complexo e em constante evolução na cidade de São Paulo, onde as preferências ideológicas dos eleitores têm um papel significativo na definição do futuro político da metrópole.
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