Deu no The Guardian: Comentários machistas de Mamãe Falei sobre refugiadas ucranianas provocam indignação

► Arthur do Val disse em mensagens de áudio vazadas que mulheres fugindo da guerra de ‘fáceis porque são pobres’

O jornal britânico The Guardian registra neste domingo (06/03) as mensagens machistas o deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, sobre refugiadas ucranianos provocam indignação.

A publicação diz que político da direita brasileira está enfrentando pedidos de renúncia depois que ele foi exposto em mensagens de áudio vazadas fazendo uma sucessão de comentários insensíveis e misóginos sobre refugiadas ucranianas durante uma suposta missão supostamente humanitária ao país recentemente invadido.

O The Guardian lembra que Arthur do Val, deputado por São Paulo e ex-apoiador do presidente Jair Bolsonaro, fez uma viagem de três dias à região na semana passada, supostamente para aumentar a conscientização sobre o custo humano do ataque de Vladimir Putin.

Na quinta-feira, Arthur do Val, 35, tuitou uma foto sua cercada por caixas de coquetéis motolov na cidade fronteiriça de Uzhhorod. Seu companheiro de viagem, o ativista de direita Renan Santos, disse que eles doaram milhares de dólares, ajudaram refugiados a atravessar a fronteira e “filmaram a realidade de um país em guerra”.

– Nunca imaginei que um dia nessa vida ainda faria Coquetéis Molotov para o exército Ucraniano – tuitou Arthur do Val, o Mamãe Falei.

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O jornal britânico registrou ainda que Mamãe Falei estava no partido do ex-juiz Sergio Moro, o Podemos, e era pré-candidato ao governo do estado de São Paulo.

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A publicação lembrou que a viagem de Arthur do Val teve a bênção de Sergio Moro, o ex-juiz e ministro conservador que espera desafiar Bolsonaro e seu rival de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de outubro.

– É sempre louvável quando colocamos nossas palavras em prática – tuitou Moro.

Tais objetivos aparentemente nobres foram quebrados na sexta-feira, no entanto, quando a mídia brasileira publicou mensagens de áudio nas quais Arthur do Val falava em termos altamente ofensivos sobre os refugiados ucranianos – mais de 1,3 milhão dos quais fugiram para o exterior desde a invasão de Vladimir Putin em 24 de fevereiro.

Em uma gravação, o político diz: “Acabei de cruzar a fronteira a pé entre a Ucrânia e a Eslováquia. Mano, eu juro para você… eu nunca vi nada parecido em termos de garotas bonitas. A fila de refugiados… tem uns 200 metros ou mais de deusas totais… é uma merda incrível… a fila do lado de fora da melhor boate do Brasil… não chega nem perto da fila de refugiados aqui.”

Em um segundo trecho, Arthur do Val diz: “Deixe-me dizer, elas são fáceis porque são pobres”.

Em um terceiro, ele faz comentários obscenos sobre as autoridades de segurança femininas na fronteira Ucrânia/Eslováquia, antes de acrescentar: “Apenas inacreditável, cara. Assim que essa guerra acabar, eu vou voltar.”

Os comentários provocaram repulsa, com mais de 40 mil pessoas assinando uma petição online exigindo a cassação de Arthur do Val do parlamento de 94 cadeiras de São Paulo.

Fabiana Tronenko, esposa do ex-embaixador da Ucrânia no Brasil, publicou um vídeo choroso no Twitter em que chama o político de cretino sem vergonha. “Mostre algum respeito, seu punk… você não tem ideia do que o povo ucraniano está passando.”

O encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, classificou as observações como inaceitáveis.

Arthur do Val, que voltou ao Brasil no sábado para descobrir que havia perdido aliados importantes e sua namorada, pediu desculpas e procurou justificar suas palavras. Depois de três dias “sem beber água ou tomar banho”, ele alegou ter ficado “excitado demais”.

– Minha mente estava correndo. Falei bobagem – disse ele, abandonando os planos de concorrer ao governo de São Paulo.

Os críticos não se impressionaram, chamando seu comportamento de típico da extrema direita chauvinista e carregada de testosterona do Brasil.

– Que asco – tuitou Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores do Brasil. “Esse é o tipo de gente que elegeu Bolsonaro. Precisa perder o mandato!”