Derosso gastou quase R$ 1 milhão em véspera de campanha, denuncia Dr. Rosinha

O deputado federal Dr. Rosinha, pré-candidato a prefeito de Curitiba pelo PT, denunciou nesta quinta-feira (28) que a Câmara Municipal pagou R$ 936 mil à  empresa Visão Publicidade num intervalo de apenas nove dias, na semana imediatamente anterior ao início da campanha eleitoral de 2000, ano de eleições municipais.

Dr. Rosinha afirma que analisou uma tabela elaborada pela Diretoria de Contas Municipais do Tribunal de Contas (TC) do Paraná.

De acordo com o parlamentar, ao analisar as contas da Câmara de Curitiba, a unidade do TC emitiu, em maio de 2001, um parecer técnico que classificava esses gastos em propaganda como supérfluos! e desnecessários!, além de registrar que as notas fiscais simplesmente não permitiam idenficar quais serviços de publicidade foram efetivamente realizados.

O Legislativo de Curitiba é presidido desde 1997 pelo vereador João Cláudio Derosso (PSDB), que ocupa o cargo há oito mandatos consecutivos.

Para burlar a legislação eleitoral, Derosso antecipou os pagamentos à  empresa Visão Publicidade, concentrando os repasses nos meses anteriores a julho!, afirma o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR). A investigação entre Derosso e essas empresas de publicidade precisa ser aprofundada pelo Ministério Público, desde o início da gestão dele à  frente da Câmara.!

Os pagamentos à s vésperas do período eleitoral a que se refere Dr. Rosinha foram feitos pelo Legislativo entre os dias 21 e 29 de junho de 2000. Foram quatro depósitos de R$ 200 mil e um quinto, no valor de R$ 136 mil.

Economia

A partir de 1!º de julho, o calendário eleitoral daquele ano proibia qualquer publicidade institucional de órgãos públicos. Conforme a lei federal 9.504, nos três meses antes do pleito só é permitida propaganda apenas em casos de urgente necessidade pública!.

Antes, apenas no dia 31 de maio, foram registrados outros cinco pagamentos, que, juntos, totalizam R$ 399 mil. Nos meses de maio e junho, a Visão Publicidade recebeu aproximadamente R$ 1,7 milhão, o equivalente a 38,4% do total pago a ela no decorrer de todo o ano.

O primeiro turno ocorreria no dia 1!º de outubro. Os pagamentos à  Visão Publicidade voltariam a ser feitos já a partir do dia seguinte, 2 de outubro.

Ao longo de todo o ano 2000, a Câmara Municipal de Curitiba gastou R$ 4,5 milhões em publicidade. O valor representa cerca de 9% do total geral de gastos empenhados na Casa naquele ano, que foi de R$ 49,8 milhões.

Essa proporção de quase 10% dos gastos do Legislativo municipal em propaganda é simplesmente absurda!, avalia Dr. Rosinha. Será que todo esse gasto não teve nada a ver com o processo de campanha eleitoral que estava em curso, no qual Derosso e outros vereadores inclusive também eram candidatos e tinham interesse na reeleição do então prefeito Cassio Taniguchi?!, questiona o deputado federal petista.

Investigações

João Cláudio Derosso é investigado pela Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público e pelo Conselho de à‰tica da Câmara por ter contratado a empresa da própria esposa, Cláudia Queiroz Guedes, para prestar serviços ao Legislativo. Entre 2006 e 2011, a empresa Oficina da Notícia, de propriedade de Cláudia e do pai dela, Nelson Gonçalves dos Santos, recebeu R$ 5,1 milhões da Câmara de Curitiba através de um contrato de publicidade assinado e prorrogado duas vezes por Derosso.

No mesmo período, outra empresa, denominada Visão Publicidade, recebeu R$ 26,8 milhões do Legislativo. Uma nova licitação atualmente em curso prevê um gasto de R$ 4,8 milhões anuais da Câmara Municipal com esse tipo de serviço.

Dr. Rosinha denunciou ainda nos últimos dias o nepotismo cruzado que envolve parentes de Derosso nomeados tanto pelo prefeito Luciano Ducci (PSB) quanto pelo governador Beto Richa (PSDB); ! a publicação de propaganda da Prefeitura de Curitiba num jornal suspeito criado em 2007 pela própria família Derosso; o fato de os gastos da Câmara de Curitiba terem triplicado em uma década, desde 2001; e o imóvel de propriedade do vereador tucano que sedia os negócios de sua própria esposa e seu sogro com órgãos públicos.

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