[Atualização às 17h12] Flávio Dino reviu a indicação para a PRF; o futuro ministro escolheu Antônio Fernando Oliveira
As redes sociais entraram em polvorosa com a escolha – pelo futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino – do policial rodoviário Edmar Camata, para ser o diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Talvez haja uma falsa polêmica nisso, como se explica abaixo.
A esquerda acusa o governo entrante de vergar-se para o lavajatismo, enquanto a direita acusa seus próceres de se encantarem com o poder lulista.
O policial rodoviário Edmar Camata integra o governo estadual do Espírito Santo. Ele é filiado ao PSB, mesmo partido de Dino, e também foi um dos fundadores do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), participou do “Unidos contra Corrupção” e da campanha “10 Medidas Contra a Corrupção” – plaforma política do deputado eleito Deltan Dallagnol (PODE-PR).
Ensandecidas, as redes sociais perguntam se agora o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, vem aí para compor o governo Lula.
A despeito de Joaquim Barbosa ter iniciado a campanha contra o PT com a Ação Penal 470, o Mensalão, antes da Lava Jato, ele declarou apoio a Lula no segundo turno contra a barbárie do presidente cessante Jair Bolsonaro (PL). Portanto, não se deve olividar dessa contribuição do Barbosão.
Não seria má ideia o ex-xerife do STF no governo da frente ampla amplíssima, embora Barbosa jure que pés juntos que é “zero” a chance dele integrar o time de Lula.
Quanto à escolha de Flávio Dino para a PRF, por óbvio, ele deve confiar plenamente no policial.
O atestado ideológico que a militância de esquerda está pedido para os indicados para o governo, a princípio, parece de uma infantilidade brutal, pois, segundo as pesquisas de opinião, a Lava Jato era aprovada por mais de 80% da população brasileira.
No entanto, com o tempo, a sociedade teve o apredizado pedagógico de que o lavajatismo foi uma operação contra o país, o emprego, as empresas nacionais, enfim, contra a economia popular. A coletividade descobriu a duras penas que foi enganada pelos “justiceiros” de Curitiba.
Não se pode renunciar o voto dos eleitores que, em determinado momento, se encantaram com o marketing da Lava Jato e o fetiche do combate à corrupção; com os falsos heróis Sergio Moro (União) e Dallagnol, ambos políticos desde o início do lawfare.
Lula e o PT ganharam esse debate ideológico contra a Lava Jato, portanto, se o moço da PRF estiver sob as ordens de Dino, que mal tem nisso?
Também não é de somenos a origem punitivista e lavajatista de boa parte dos companheiros de Lula nessa viagem eleitoral, a começar pelo vice Geraldo Alckmin (PSB) e pela ex-presidenciável Simone Tebet (MDB).
O PSOL igualmente flertou bastante com o lavajatismo, porém, após a ilegal prisão de Lula, deu um cavalo de pau em seu entedimento e passou a ser um dos principais combantes do abuso e da falta de imparcialidade do ex-juiz Sergio Moro.
Lembra do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ)? Ele não titubeou em chamar de “juiz ladrão” o então ministro da Justiça Sergio Moro, no governo Bolsonaro, durante uma audiência da Câmara [aqui tem o trecho do vídeo].
Em tempo: Flávio Dino reviu a indicação para a PRF; o futuro ministro escolheu Antônio Fernando Oliveira, que foi superintendente da corporação no Maranhão e também serviu na Bahia.
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