Conflito entre bolsonarismo e lavajatismo deve se agravar, afirma cientista político

Para o cientista político e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wagner Romão, o conflito entre o lavajatismo e o bolsonarismo deve se agudizar, com vista às próximas eleições. Bolsonaro e o ex-ministro Sergio Moro, seu antigo aliado, devem disputar a hegemonia no campo da direita.

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Os procuradores da Lava Jato, que praticamente pavimentaram a chegada de Jair Bolsonaro à presidência da República, agora se dizem arrependidos do voto no atual presidente. É uma reação às declarações do procurador-geral da República, Augusto Aras, que afirmou que a República de Curitiba detém “documentos encobertos” de cerca de 38 mil pessoas.

“É muito provável que haja uma candidatura Moro. Penso que ele não vai abdicar dessa possibilidade de ser candidato em 2022. Esse conflito está instalado. Sabemos que no campo familiar de Bolsonaro há muita coisa suspeita nesses dois anos. Mas o cenário com os dois competindo é muito provável”, afirmou Romão em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta segunda-feira (3).

Economia

Lava Jato enfraquecida
Além das críticas abertas de Aras, as investidas atrasadas da Lava Jato contra políticos do PSDB são tentativas dos procuradores de se livrarem, perante a opinião pública, das suspeitas e acusações de partidarização da operação. Essa impressão foi reforçada, ainda mais, desde o ano passado, quando houve o vazamento, pelo site The Intercept Brasil, de conversas dos próprios procuradores. A entrada de Moro no governo Bolsonaro, por exemplo, também reforçou essas suspeitas, segundo Romão.

Politização do STF
Por outro lado, as movimentações do procurador-geral também têm motivações políticas. Ele atua para proteger Bolsonaro e sua família e, assim, ser indicado a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Outro que disputa também a cadeira é o atual ministro da Justiça, André Mendonça. Ele está envolvido na produção de dossiês contra inimigos políticos do governo.

Romão alerta para o risco de politização da Suprema Corte. Segundo ele, trata-se de um “déficit institucional brasileiro”, que foi aprofundado com a indicação de Alexandre de Moraes, que tinha laços políticos notórios. O risco, contudo, é o STF virar uma espécie de “Tribunal de Contas da União”, que ele chama de “depósito de políticos aposentados”.

Assista à entrevista:


Por RBA