Comemorar golpe militar é imoral e inadmissível, diz relator da ONU

Em comunicado emitido nesta sexta-feira (29), o relator especial da ONU para a promoção da Verdade, Justiça, Reparação e Garantias de Não Repetição, Fabián Salvioli, criticou presidente Jair Bolsonaro (PSL) por recomendar que os quartéis promovam as “devidas comemorações” do golpe militar de 64.

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“Comemorar o aniversário de um regime que trouxe tamanho sofrimento à população brasileira é imoral e inadmissível em uma sociedade baseada no estado de direito. As autoridades têm a obrigação de garantir que tais crimes horrendos nunca sejam esquecidos, distorcidos ou deixados impunes “, disse Salvioli.

“Quaisquer ações que possam justificar ou relevar graves violações de direitos humanos durante a ditadura reforçariam ainda mais a impunidade que os perpetradores desfrutam no Brasil, dificultariam esforços para impedir qualquer repetição de tais violações e enfraqueceriam a confiança da sociedade nas instituições públicas e no estado de direito”, alertou o relator.

Salvioli afirmou ainda que as “tentativas de revisar a história e justificar ou tolerar graves violações de direitos humanos do passado devem ser claramente rejeitadas por todas as autoridades e pela sociedade como um todo”.

A reação da ONU ocorreu depois que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Vladmir Herzog denunciaram Bolsonaro pela “tentativa de modificar a narrativa do golpe de estado de 31 de março de 1964 no Brasil” e que isso ocorreria por meio de “instruções diretas do gabinete do presidente, desconsiderando as atrocidades cometidas”.

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