Ricardo Gomyde*
Dias atrás, falamos aqui daquele brasileiro que insiste em não acreditar em nosso país, não só como potência do futebol, mas também como nação em pleno desenvolvimento. Isso tem se demonstrado de forma mais pulsante de uns meses para cá. Há quem ache que os investimentos feitos pelo Governo Federal na Copa, por exemplo, seriam mais bem aplicados em saúde e educação.
Mas é importante deixar claro que uma coisa não prejudica a outra. E nesse debate há uma clara contraposição entre o que é urgente e adiável ou entre o que é essencial e supérfluo. Evidentemente, o processo civilizatório não coloca na frente um museu a um hospital ou um estádio a uma escola, por exemplo. Daí que uma parte da população leva à s ruas sua voz contrária à Copa do Mundo, distorcendo o debate.
Existem sim pessoas de boa-fé que, por convicções próprias ou ideologia, são contra a realização da Copa. Há quem ache que os investimentos feitos pelo Governo Federal no evento seriam mais bem aplicados em saúde e educação. Por outro lado, não há boa-fé nem cordialidade intelectual nos grupos que boicotam o torneio da Fifa argumentando, equivocadamente, que ele desvia! para o supérfluo e o adiável verbas que deveriam ser direcionadas para o imediatismo da saúde e educação.
Primeiro: a Copa não é gasto perdido. à‰ investimento e patrimônio social incomparável. A Copa tem um orçamento-teto de R$ 33 bilhões, a contar da escolha do Brasil em 2007. Consultorias independentes !“ e não o governo Federal ou a Fifa !“ estimam que R$ 112 bilhões adicionais circularão na economia brasileira no período de 2010 a 2014. Serão criados 3,6 milhões de empregos e a população vai auferir renda extra de R$ 63,48 bilhões.
Os investimentos feitos pelo Governo Federal servem ao país. A Copa tem data para acabar. As benesses advindas dela não. Ficam como utilidade pública aeroportos, portos, viadutos, vias de trânsito rápido, melhoria da segurança e telecomunicações. O dinheiro repassado pelo BNDES para reforma ou construção dos estádios será devolvido, como em qualquer outro empréstimo.
Segundo: os recursos para os setores sociais urgentes! e inadiáveis!, como a saúde e educação, não param de crescer. De 2007 a 2013 a educação recebeu R$ 311,6 bilhões e a saúde, R$ 447 bilhões. A Copa se paga, dá lucro e gera riquezas. Tudo isso ajudará a resolver problemas seculares e estruturais da sociedade brasileira.
*Ricardo Gomyde, diretor de Futebol do Ministério do Esporte, especialista em políticas de inclusão social, é membro da Comissão Organizadora da Copa do Mundo no Brasil em 2014. Escreve nos sábados no Blog do Esmael.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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