Coluna do Jorge Bernardi: Uber, o caminho da moderna escravidão de taxistas

uberJorge Bernardi*

“Primeiro, os nazistas prenderam os comunistas, como eu não era comunista, me calei. Depois, eles pegaram os judeus e os sindicalistas, como não era judeu nem sindicalista, não me manifestei. Prenderam os católicos e, como eu era protestante, fiquei calado. Quando vieram me buscar… Não havia ninguém para protestar” (Martin Niemoller).

O que está por traz do aplicativo Uber, criado há cinco anos nos Estados Unidos e que vale mais do que a Petrobrás? Os donos do Uber são a Microsoft e a gigante da mídia indiana, Índia Bennett Coleman & Cia. O Uber foi avaliado por 51 bilhões de dólares, (R$ 178 bilhões de reais). A Petrobras, maior empresa brasileira, vale R$ 140 bilhões de reais.

O Uber é um negócio multimilionário que pretende transformar taxistas do mundo todo em escravos do século 21. Num primeiro momento o Uber, pratica a pirataria, autorizando veículos de particulares a prestarem serviços de transporte de passageiros, em desrespeito a todas as legislações nacionais e municipais, objetivando forçar os taxis a aderirem ao seu sistema.

Como meio de transporte público individual, o Uber se tornou uma multinacional atuando em escala global. A lógica é simples. A média mundial é de um taxi para cada 350 habitantes. Há, portanto, cerca de 20 milhões de taxis no mundo.

Enquanto promove irregularmente o serviço de taxi clandestino, o Uber mira os taxistas. Objetiva ficar com 20 % do faturamento diário deles. Se os 20 milhões de taxistas do mundo, faturam bruto, o equivalente a 500 dólares diários (incluindo combustíveis, manutenção e etc) trabalhando 24 horas, o Uber pretende apropriar-se de 100 dólares de cada taxi, (US$ 200 milhões por dia). No ano são 73 bilhões de dólares, ou R$ 255 bilhões de reais.

Economia

O Uber aposta na fraqueza dos governos municipais, na manipulação da opinião pública, através da grande mídia. As reportagens, compradas a preço de ouro, exaltam as vantagens do sistema, fazendo com que milhões de pessoas, iludidas, baixem o aplicativo no celular, passem a utilizá-lo e a defende-lo como o caminho da modernidade sem volta.

Agora são os taxistas que caminham para a escravidão moderna, amanhã serão os donos das pizzarias e, no futuro, quando não houver mais ninguém para protestar, todos nós. Cuidado, como no refrão da canção sertaneja que diz: “O cowboy vai te pegar”

*Jorge Bernardi, vereador de Curitiba pelo PDT, é advogado e jornalista. Mestre e doutorando em gestão urbana, ele escreve aos sábados no Blog do Esmael.

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