Jorge Bernardi*
Há 15 dias, escrevi nesta coluna, que a radicalização política estava assumindo proporções perigosas que poderia levar o país a uma guerra civil. Nesta semana, o ex-governador gaúcho Tarso Genro, admitiu em entrevista ao jornalista Roberto D’ Avila, da Globo News, também que o Brasil caminha para guerra civil, se ocorrer o impeachment da presidente Dilma Rousseff sem que se comprove crime de responsabilidade.
A imprensa fez recentemente reportagens sobre intolerância política e divisão da sociedade que separa amigos, sócios, famílias gerando brigas nos mundos virtual e real. A preocupação é que a disputa possa extrapolar para a violência com consequências imprevisíveis. Basta um cadáver numa destas manifestações para que os ânimos, que estão a flor da pele, passe para a disputa armada pelo poder.
O Data Folha divulgou recentemente pesquisa em que mostra os participantes das manifestações em São Paulo, a favor e contra o governo e, constatou o óbvio: as manifestações tanto de um lado, quanto do outro, envolve a classe média. Mais de 80 % dos participantes possuem renda mensal superior a três salários mínimos e mais de 70 % deles possuem curso superior. Se aos favoráveis ao governo há uma preponderância maior de funcionários públicos (16 %), na trincheira oposta, há um número grande de empresários (12%). Já entre os profissionais liberais (8 %) são pelo impeachment e (5%) a favor de Dilma.
A pesquisa comprova que o Brasil está dividido entre duas facções antagônicas da mesma classe social. Não há, nas manifestações uma luta de classes, o que se observa é a cara e a coroa da mesma moeda. A Folha de S. Paulo, que publicou a pesquisa e classificou as duas correntes com perfil “coxinhas”. Ou seja, os pobres que são mais de 70 % da população brasileira e de São Paulo, não tem participado das manifestações a favor ou contra o governo.
Parece que a sabedoria popular percebe que o mundo é complexo, não é plano como tentam nos mostrar, mas como nossos próprios sentidos percebem, é tridimensional, ou seja, tem altura, largura e volume. A teoria das cordas, que procura explicar a estrutura do universo, admite até 10 dimensões.
Quanto a guerra civil, que estejamos todos errados. Seja qual for o resultado do processo do impeachment, que as instituições brasileiras continuem funcionar regulamente, no estado democrático de direito, conformando-se os perdedores com a decisão do Congresso Nacional. Que prevaleça o espírito pacifico do povo brasileiro.
*Jorge Bernardi, vereador de Curitiba (REDE), é advogado e jornalista. Mestre e doutorando em gestão urbana, ele escreve aos sábados no Blog do Esmael.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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