Coluna do Enio Verri: Paraná revive desastres do governo Lerner

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Em sua coluna desta terça-feira, o deputado federal Enio Verri (PT) refaz uma comparação da qual o governador Beto Richa (PSDB) sempre se esquivou, a de seu governo com o de Jaime Lerner (95-2002). Enio lembra que o programa Paraná Competitivo está concentrando os recursos e o desenvolvimento empresarial em Curitiba, Região Metropolitana e Campos Gerais, aumentando a desigualdade de produção de riquezas com a maioria do interior. Leia, comente e compartilhe!

Enio Verri*

Desde que assumiu o governo do Estado, em 2011, Beto Richa foge da comparação com o ex-governador Jaime Lerner como o diabo foge da cruz. Escaldado pela desaprovação de Lerner junto aos paranaenses, por ele ter feito um governo marcado pela explosão das desigualdades regionais e principalmente pela implantação do pedágio mais caro do mundo, Richa sempre adotou um oportuno discurso de distância ideológica. A prática, entretanto, mostra que a gestão tucana se resume a uma versão 2.0 do governo Lerner.

A evidência mais recente do caráter lernista do governo Richa está estampada na capa da Gazeta do Povo desta segunda-feira (28). Reportagem do jornalista Fernando Jasper mostra que 90% dos recursos do programa Paraná Competitivo, criado em 2011 para estimular o desenvolvimento econômico do Estado por meio de benefícios fiscais, foram ou serão aplicados em cidades da Região Metropolitana de Curitiba e dos Campos Gerais.

Isso significa que R$ 22,1 bilhões, do total de R$ 24,8 bilhões viabilizados pelo programa, serão investidos nas duas regiões mais ricas do Paraná, que juntas detêm 51,3% do PIB estadual. Enquanto isso, as demais oito regiões metropolitanas, que concentram 48,7% do PIB, ficam com apenas 8,3% dos investimentos do Paraná Competitivo.

Quando o governo anunciou a criação do programa eu era líder da oposição na Assembleia Legislativa. Entre considerações elogiosas pela iniciativa de fomentar o desenvolvimento econômico do Estado, fui também o autor de incontáveis críticas ao Paraná Competitivo, pois entendia que o programa não previa incentivos diferenciados para indústrias se instalarem nas localidades mais pobres, justamente aquelas que mais necessitam da interferência governamental para alavancar o progresso. “Que empresa vai escolher a região central ou pelo Vale do Ribeira se os incentivos fiscais oferecidos pelo governo são os mesmos para os Campos Gerais e Região Metropolitana de Curitiba?”, repetia.

A previsão da oposição, de que o Paraná Competitivo potencializaria a atividade industrial e a concentração de riqueza nas regiões mais desenvolvidas, se confirmou. Assim como Lerner fez, Richa aumenta o abismo econômico entre as regiões do Estado, ignorando que municípios localizados em regiões mais pobres precisam de incentivos diferenciados para crescer.

Economia

Tal como Lerner, Richa também mantém com as concessionárias de pedágio uma relação de cumplicidade e leniência. Em vez de defender os interesses da população e da capacidade produtiva do Estado, o tucano frequentemente se posiciona como um aliado das empresas na tarefa de prorrogar os contratos abusivos que vencem em 2022.

Com Beto Richa, o Paraná está revivendo desastres políticos do governo Jaime Lerner que deixarão consequências históricas e insuperáveis.

*Enio Verri é deputado federal, presidente do PT do Paraná e professor licenciado do departamento de Economia da Universidade Estadual do Paraná. Escreve nas terças sobre poder e socialismo.

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