Alvaro Dias*
Os brasileiros voltaram às ruas no último domingo para protestar contra o governo e exigir o impeachment da presidente da República. As manifestações devem ser valorizadas, independentemente do número de pessoas que participaram. Foi um protesto espontâneo, improvisado, uma espécie de “esquenta” impeachment.
É um equívoco desvalorizar os protestos usando o argumento de que o número de pessoas diminuiu em relação a manifestações passadas. O ato não contou com apoio dos governos federal, estaduais, e não teve o apoio de estruturas administrativas e entidades, como sindicatos, centrais sindicais e movimentos sociais. A voz das ruas foi genuína, espontânea e veio de uma parte lúcida da população que quer o impeachment imediato da presidente Dilma Rousseff.
A população brasileira é inteligente e tem muita noção de timing; por isso sabe exatamente qual é o momento para o enfrentamento nas ruas. E eu acredito que, assim que avançarmos no processo de impeachment — quando estivermos mais próximos da decisão — a manifestação será gigantesca nas ruas do País.
O governo tenta reduzir os protestos pró-impeachment a uma queda de braço entre o presidente da Câmara e a presidente da República, mas não é isso que movimenta a opinião pública brasileira. Apesar do desrespeito flagrante ao povo brasileiro com os procedimentos inusitados adotados na Câmara, o conjunto da obra é que leva a população a desejar o impeachment
Os brasileiros, na sua maioria como atestam as pesquisas de opinião, têm pressa em mudar. A paciência se esgotou, e a população não quer esperar 2018 para fazer as mudanças. Mais do que substituir quem preside o País, as ruas querem substituir esse modelo promíscuo, corrupto e incompetente de governança.
A redução do número de pessoas nas ruas não diminuiu o tamanho da indignação. O movimento pode ter sido menor, mas foi afirmativo, pacífico e importante para dar a largada a novas manifestações populares que ocorrerão no País.
*Alvaro Dias é senador pelo PSDB e líder da Oposição no Senado Federal. Ele escreve nas quartas-feiras para o Blog do Esmael sobre “Ética na Política”.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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