Chico Buarque, Carol Proner e Haddad entregam carta de juristas a Lula

O ex-presidente Lula recebeu nesta quinta-feira (19) a visita do compositor e escritor Chico Buarque, da jurista Carol Proner, do ex-chanceler Celso Amorim e do ex-candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT).

A visita também teve o propósito de entregar ao ex-presidente carta assinada pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) – da qual Carol Proner é membro.  “Precisamos lhe dizer muito obrigado, por assim desmascarar a farsa judiciária montada em nosso país para promover retrocessos políticos e sociais, sob o pretexto do combate à corrupção, diz trecho do documento.

Bastante aguardado por todos, Chico Buarque falou brevemente com a militância na saída da Polícia Federal. “Vi as imagens da destruição da Vigília e fiquei triste, mas ao mesmo tempo achei que pode ser um presságio”, afirmou. “Está na hora de desmanchar isso aqui. Lula Livre”, declarou.

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A menção à Vigília é em decorrência dos pequenos danos estruturais ocorridos no dia anterior em função das chuvas que atingem a capital paranaense.

Leia a carta da ABJD:

Querido Presidente Lula

Esta é uma carta de agradecimento.

Nós, juristas e cidadãos do grupo Prerrogativas sempre estivemos naturalmente afinados com a sua trajetória de lutas. Nossos princípios e valores coincidem em essência com os seus, pois mantemos firme a nossa esperança na construção de um país com justiça social e autêntico respeito aos direitos e liberdades dos brasileiros, sobretudo os mais pobres e desassistidos.

Agora, além de nos identificarmos com a sua atuação política, também nos sentimos inspirados e fortalecidos pela sua postura íntegra ao enfrentar uma prisão profundamente injusta.

Querido Lula, você sublimou o amargor do encarceramento brutal, para nos oferecer uma sábia e corajosa lição de insubmissão. Esse inconformismo desafiador dos seus algozes – os mesmos que hoje andam cabisbaixos e evasivos com a revelação dos próprios desvios e abusos – representa a capacidade de um povo que não se verga à opressão.

Com sua atitude coerente e seus gestos serenos e firmes, você tem denunciado ao Brasil e ao mundo não somente a indignidade da perseguição abjeta que sofre, mas também a ignomínia que há em toda e qualquer condenação ilegítima; em toda e qualquer detenção arbitrária.

Precisamos lhe dizer muito obrigado, por assim desmascarar a farsa judiciária montada em nosso país para promover retrocessos políticos e sociais, sob o pretexto do combate à corrupção.

Seus perseguidores não resistiram à tentação de encarnar falsos heróis, reunidos em torno de uma instância deletéria e paralela de poder, fomentada por sórdidos interesses políticos, com amplo respaldo midiático.

Nos âmbitos judiciário e acadêmico, temos resistido e lutado ao máximo para fazer prevalecer os paradigmas da Constituição e dos critérios técnico-jurídicos, especialmente em relação às garantias da defesa penal, à incolumidade dos direitos individuais e à preservação da democracia.

O seu exemplo de têmpera e bravura, presidente, colabora intensamente para que possamos resgatar, de uma vez por todas, a plenitude da presunção da inocência como um mandamento efetivo em nosso país.

Além desse merecido agradecimento, receba também, presidente, a solidariedade sincera dos integrantes do grupo Prerrogativas, profissionais do Direito cuja distinção e excelência vem sendo dedicada a combater a seletividade ilícita e odiosa que insiste em contaminar o nosso sistema de justiça.

Esteja certo, presidente Lula, que a verdade histórica haverá de prevalecer, uma vez eliminados os disfarces que afastaram a aplicação do direito de seu percurso natural e justo, impondo-lhe uma pena notadamente destituída de provas e fundamentos.

Por fim, direcionamos a você, presidente Lula, o nosso imenso afeto e admiração. Somente pessoas com a sua estatura ética e humana poderiam manter a mesma altivez, seja como supremo mandatário da nação, como réu privado de garantias processuais básicas, ou mesmo na condição de preso político, como ora se encontra, sob a jurisdição anômala, inquisitorial, parcial e desonesta de Curitiba.

” Confinados em cela igual

Somos nós todos reféns, porém

Não se negocia a dignidade

Por nada aquém, nada além

Lula , nós vamos te libertar

Pra gente também se livrar

Da prisão nesse pesadelo”

(Canção pela Libertação

Joaquim França e Eduardo Rangel)

Abraços e beijos,

Juristas e cidadãos do grupo Prerrogativas.

*Com informações da Agência PT de Notícias