da Folha.com
No material, Russomanno, que lidera as pesquisas, é comparado ao ex-presidente Fernando Collor –que foi eleito também por um partido pequeno e caiu após suspeita de corrupção– e apresentado como representante do “projeto de poder” do bispo Edir Macedo.
O bispo comanda a Igreja Universal do Reino de Deus, que é ligada ao partido de Russomanno.
A apostila foi produzida para orientar os cabos eleitorais a, nas palavras da própria cartilha, “desconstruir” a imagem de adversários em investidas porta a porta, na casa dos eleitores.
Cerca de 200 cabos eleitorais ligados à UGT (União Geral dos Trabalhadores) participaram ontem de aulas com base no material, no comitê central de Serra. Eles vestiam camisas da entidade sindical, que nega ter dado o adereço especificamente para identificá-los no evento.
A apostila mistura informações erradas –diz, por exemplo, que Russomanno declarou patrimônio de R$ 2 bilhões quando, na verdade, o candidato afirmou ter R$ 2 milhões em bens– com notícias e ilações.
O material conta com cinco módulos. Um deles ensina a abordar o eleitor em casa.
Orienta os cabos eleitorais a se apresentar como “representantes de Serra” e a descobrir qual é o candidato do eleitor. Caso seja um rival, a ordem é ‘desconstrui-lo”.
“Use argumentos como: ‘Sabia que o Russomanno se passa por pobre, mas declarou ao Tribunal Superior Eleitoral bens de R$ 2 bilhões?'”.
Em um outro módulo, intitulado “As verdades sobre Russomanno”, a apostila dá “informações” a serem usadas contra Russomanno. Afirma que a primeira “grande reportagem” de Russomanno foi “filmando a morte da própria esposa” e que “em vez de buscar socorro”, o candidato “optou por gravar o drama”.
Na década de 90, Russomanno acusou um hospital de São Paulo de responsabilidade na morte da mulher, filmou seu périplo e agonia pelo hospital e exibiu o caso na TV. Ele processou o hospital, mas perdeu e teve que indenizar a instituição por danos morais.
A apostila ainda compara Russomanno a Collor –“Também era novo, pertencia a um partido pequeno e deu no que deu”– e insinua que, se eleito, Russomanno defenderá interesses da Universal.
“Celso faz parte do projeto político do bispo Edir Macedo”, diz o texto do tucano. “O sonho de Edir Macedo é poder introduzir a Igreja Universal como referência evangélica para os estudantes da rede municipal”, conclui.
Fernando Haddad (PT) também é alvo. A cartilha o trata como “boneco de Lula” e criador da taxa do lixo na gestão de Marta Suplicy.
Criador da apostila e dirigente do PSDB, Edson Marques confirmou o teor da cartilha, mas disse ter suprimido críticas que estavam na apostila da aula. Ele isentou a coordenação da campanha de Serra que, afirma, não aprovou e sequer conhecia o conteúdo do material.
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